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O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), disse que a aprovação do texto-base do PL antifacção na Câmara "é uma vitória da sociedade" e "uma vitória daqueles que querem mais segurança". Para Motta, "foi um erro do governo ficar contra e tem que se explicar hoje à sociedade brasileira porque ficou contra."
A declaração ocorreu em entrevista ao programa Morning Show, da Jovem Pan, nesta quarta-feira (19), dia seguinte à aprovação do texto. "Ontem, a Câmara dos Deputados fez história na aprovação do pacote mais duro que a Casa já aprovou na área da segurança pública no combate ao crime organizado", disse Motta.
O parlamentar ressaltou que o texto é uma ampliação da proposta do governo federal: "Mantivemos, sim, os pontos positivos que este projeto trouxe, mas fizemos todo o endurecimento de penas para novas modalidades criminais que nós não tínhamos em nosso código penal, nem muito menos em outras leis que tratam de crimes."
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Aprovado em regime de urgência, o projeto contou com 370 votos favoráveis, 110 votos contrários e três abstenções. Um dos pontos polêmicos da proposta de reformar o combate às facções era a ideia de equipará-las a organizações terroristas. Para obter maiores chances de aprovação, o relator do projeto, deputado federal Guilherme Derrite (PP-SP), retirou o trecho do texto final. Motta, porém, alega que o recuo não trouxe prejuízos: "A legislação aprovada ontem é mais dura do que a legislação antiterrorismo. Por exemplo, a pena máxima da lei antiterrorismo é de 30 anos. E nós, ontem, aprovamos penas que começam com 20 e podem chegar a até 66 anos de prisão para chefes de organizações criminosas." No Brasil, no entanto, o tempo máximo de prisão é de 40 anos.
Motta também comentou outros pontos que endurecerão o tratamento a faccionados no sistema prisional: "Não mais precisarão de autorização judicial para irem a presídios federais. Chefe de facção foi preso, vai direto para o presídio federal. Não tem direito a visita íntima. As suas audiências com seus advogados serão, a partir de agora, gravadas, para evitar a ordenação do crime de dentro dos presídios. Vamos ter a partir de agora também um banco nacional de dados sobre os criminosos, que estará ligado a bancos estaduais, que em até seis meses o governo irá criar esse banco, para que haja integração entre as polícias."
Agora, o PL antifacção precisa passar pela análise do Senado Federal. O relator do texto na Casa é o senador Alessandro Vieira (MDB-SE), que já disse que fará uma revisão completa da proposta. O texto aprovado foi a sexta versão apresentada por Derrite, o que gerou críticas do governo.