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O movimento Mulheres Negras Decidem publicou uma nota em repúdio à indicação do advogado-geral da União Jorge Messias ao cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), ressaltando que a escolha ocorreu justamente nesta quinta-feira (20), dia da consciência negra. Em resposta, o grupo disse que promoverá uma marcha "por representação no Poder Judiciário, por mais de nós, e por uma Presidência da República que não nos despreze e nos escute." O ato está previsto para esta terça-feira (25).
O movimento ainda criticou o fato de que "pela 12ª vez desde a redemocratização, o Brasil deixa de reconhecer a legitimidade, a competência e a trajetória de juristas negras que há décadas constroem o Direito e a Justiça no país" e complementou dizendo que o presidente Lula (PT), ao indicar Messias mantém "o caráter excludente da mais alta instância do Poder Judiciário."
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Em publicação conjunta com o Instituto Papo Reto e outros influenciadores de esquerda, o movimento destaca: "No dia da consciência negra, mais um homem branco é indicado ao STF." O post acrescentou que o Supremo "permanecerá com maioria masculina até 2043, mesmo que todas as próximas indicações sejam de mulheres."
"É mais uma porta fechada. Mais um gesto de desrespeito. Mais um capítulo do racismo estrutural que atravessa o sistema de Justiça brasileiro e a vida das mulheres negras", defendeu o movimento.
A pressão de grupos identitários por uma mulher negra no Supremo ocorre desde a primeira indicação do atual mandato, que acabou contemplando Cristiano Zanin. Depois disso, Flávio Dino foi o escolhido. Em sua terceira oportunidade, Lula viu crescer as reivindicações por uma mulher negra no Supremo. Os nomes cotados, no entanto, previam, além de Messias, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas.
A Gazeta do Povo entrou em contato com Jorge Messias e com o Planalto e aguarda retorno para atualizar esta reportagem.