Onda de calor eleva consumo de água e reduz níveis das represas em SP

Sistema Integrado Metropolitano, que abastece a região metropolitana da capita, opera com 26,42% de sua capacidade de armazenamento

  • Por Jovem Pan*
  • 28/12/2025 20h53 - Atualizado em 28/12/2025 20h55
Rovena Rosa/Agência Brasil Sistema Cantareira terá captação menor de água a partir de outubro O sistema Cantareira é principal fornecedor de água para a região metropolitana de São Paulo, abastecendo 46% da população

O Sistema Integrado Metropolitano, que abrange sete mananciais e abastece de água a região metropolitana de São Paulo, opera com 26,42% de sua capacidade de armazenamento. É o menor nível dos últimos dez dias.

A situação exige “atenção permanente”, de acordo com governo estadual. A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) informa que “mantém o sistema sob monitoramento contínuo, com reforço no bombeamento, direcionamento do abastecimento no período noturno e apoio de caminhões-pipa em áreas críticas”.

Dois dos principais reservatórios do estado, Alto Tietê e Cantareira, funcionam com volumes próximos de 20% da capacidade.

O Cantareira é o maior produtor de água da região e abastecer 46% da população. O sistema registrou em outubro o nível mais baixo do reservatório dos últimos dez anos. No dia 24, o sistema operava com 24,2% do volume útil, quantidade de água que pode ser transferida para o abastecimento da região metropolitana.

As represas estavam se recuperando lentamente. Em 8 de dezembro, 24,6% da capacidade estavam disponíveis. Com algumas chuvas, o volume chegou a 27,3%.

Na última semana, no entanto, o volume útil vem caindo dia após dia. O cenário é resultado de dois fatores importantes. O primeiro é uma onda de calor recorde, que intensificou a pressão operacional sobre o sistema. Por dois dias seguidos, a cidade São Paulo registrou recorde de temperatura para o mês de dezembro ao atingir 36,2 °C na sexta-feira (26). O outro componente é a elevação do consumo de água, que chegou a até 60% em alguns pontos da região, de acordo com a Sabesp.

Entre os dias 14 e 20 de dezembro, a Sabesp produzia 66 mil litros de água por segundo para atender 21 milhões de habitantes da região metropolitana. Na quarta-feira (24), esse volume chegou a 72 mil litros por segundo, mesmo com uma redução estimada de 30% da população devido às viagens de fim de ano.

O aumento levou o governo de São Paulo a emitir alerta a população sobre a necessidade de economia.

Chuvas devem ficar abaixo da média em janeiro

Desde agosto, o poder estadual, em parceria com a Arsesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo), determinou a redução da pressão noturna da água na região metropolitana de São Paulo para preservar os mananciais.

Os modelos meteorológicos do governo de São Paulo indicam baixa previsão de chuvas, que devem ficar abaixo da média em janeiro. Mesmo quando ocorrerem, as precipitações podem não ser suficientes para reverter rapidamente o quadro.

A partir de diagnósticos da SP Águas, a Arsesp autoriza a Sabesp a realizar a gestão da demanda no período noturno de 10h de duração, das 19h às 5h.

Obras procuram prevenir risco de desabastecimento

O sistema de abastecimento funciona de forma integrada, conectando grandes e pequenos mananciais, adutoras e estações de tratamento. Isso permite a transferência de água entre sistemas, reduzindo riscos de desabastecimento. Por outro lado, faz com que a pressão sobre um sistema impacte todo o conjunto.

Obras realizadas nos últimos anos procuram minimizar o risco de desabastecimento, trazendo água de outros reservatórios. Entre elas está a transposição Jaguari-Atibainha, que permite a transferência de água da bacia do Paraíba do Sul para o Sistema Cantareira.

Outra obra foi a conclusão do Sistema São Lourenço, que capta água da represa Cachoeira do França, a 70 quilômetros da capital, e abastece cerca de 2 milhões de usuários em oito municípios.

*Com informações de Estadão Conteúdo

Publicado por Júlia Mano