Os estádios italianos são uma vergonha: o alerta da Uefa para a Euro 2032

  • Por Wanderley Nogueira
  • 17/11/2025 08h55
Zach Rowlandson/Unsplash Estádio San Siro, em Milão, na Itália Estádio San Siro, em Milão, na Itália, durante jogo da Inter

Em um tom que não deixa margem para dúvidas, Aleksander Ceferin, presidente da Uefa, não poupou críticas à infraestrutura futebolística da Itália. “Os estádios italianos são uma vergonha”, disparou ele em maio de 2025, durante uma entrevista à SportMediaset, completando que o país tem “de longe a pior infraestrutura entre as principais nações europeias”. Para piorar, Ceferin destacou o contraste com nações menores: “Países pequenos como a Albânia progrediram mais” na construção de arenas modernas. Essas palavras não são mera provocação — elas ecoam diretamente sobre a Euro 2032, co-hospedada pela Itália e pela Turquia, e expõem um problema crônico que ameaça o prestígio do futebol italiano.

O contexto da Euro 2032: uma candidatura em risco

Tudo começou em outubro de 2023, quando a Uefa anunciou que a Euro 2032 seria realizada na Turquia e na Itália, unindo forças em uma candidatura conjunta após a retirada turca da disputa pelo Euro 2028. A ideia era dividir as 51 partidas entre os dois países, com cada um responsável por cinco estádios principais.

No entanto, enquanto os turcos avançam a passos largos — com nove de dez arenas já em conformidade com os padrões da Uefa, graças a um ambicioso projeto nacional de construções nos últimos 20 anos —, a Itália patina. A infraestrutura italiana é considerada a mais precária entre as grandes potências europeias. Estádios obsoletos, como o lendário San Siro (estádio Giuseppe Meazza), em Milão, perderam recentemente o direito de sediar a final da Champions League, um sinal alarmante de que as coisas estão no fundo do poço.

Dos dez estádios propostos pela Federação Italiana de Futebol (FIGC), apenas o Allianz Stadium, da Juventus, em Turim, atende aos requisitos da Uefa até o momento. Outros, como os de Bergamo e Udine, mostram algum progresso, mas o resto é descrito como em “estado comatoso” por executivos italianos.

A pressão é enorme: a Itália precisa entregar uma lista de cinco estádios prontos (ou com obras financiadas e aprovadas) até março de 2027 — um prazo estendido recentemente pela Uefa mas ainda assim apertado. Se falhar, todas as partidas podem ser transferidas para a Turquia, transformando o que seria uma celebração compartilhada em uma “catástrofe nacional”, como alertam alguns. Recentemente, até a Rússia — suspensa pela Uefa desde a invasão da Ucrânia — flertou com a ideia de substituir a Itália como anfitriã, o que adiciona uma camada de ironia e urgência ao debate.

Burocracia e investimentos: o calcanhar de Aquiles da Itália

O que trava o progresso? A resposta é unânime: burocracia. Investidores e dirigentes da Serie A reclamam que normas municipais, disputas políticas e entraves regulatórios cancelam ou atrasam projetos de modernização há anos. Clubes como Milan, Inter e Roma sonham com arenas novas, mas enfrentam um ciclo vicioso: estádios antigos geram menos receita (os clubes italianos faturam 40% menos em dias de jogo que os da Premier League), o que limita investimentos em melhorias.

A diretoria da Liga Italiana admite a gravidade. “Estou realmente preocupado com a Euro 2032”, confessou um alto executivo em agosto de 2025, ecoando Ceferin e pedindo ação imediata do governo. Gabriele Gravina, presidente da FIGC e vice de Ceferin na Uefa, é visto como o homem-chave para coordenar esforços, mas até ele reconhece que o tempo urge. Ceferin, apesar das críticas duras, mantém um otimismo cauteloso: “Não estou preocupado ainda. Confio na Itália, mas as ações precisam começar agora”.

O contraste com a glória desportiva: uma liga de elite em estádios de outrora

A ironia é ainda mais gritante quando se considera o ranking da Uefa. A Serie A é classificada como a segunda melhor liga da Europa, atrás apenas da Premier League, graças ao desempenho impressionante dos clubes italianos nas competições continentais nos últimos cinco anos — com vitórias em Champions League, Europa League e Conference League. Times como Inter, Milan e Napoli brilham em campo, mas, fora dele, o contraste com arenas decadentes mancha a imagem do país que inventou o calcio.

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Hora de agir: uma oportunidade para a Renascença Italiana

A Itália tem tempo — cerca de seis anos até o torneio —, mas precisa de ações concretas: um plano nacional de renovação, com apoio governamental, parcerias público-privadas e desburocratização urgente. Como Ceferin bem colocou, “é inaceitável, especialmente com a Euro 2032 no horizonte”. Se o país reagir, essa crise pode se transformar em legado: estádios modernos que impulsionem a economia, atraiam turismo e elevem o futebol italiano a um novo patamar.

O futebol é paixão na Itália, mas paixão sem estrutura é como um jogo sem gol. Hora de chutar para a rede — e rápido. O que você acha? A Itália vai conseguir virar o jogo a tempo? Deixe seu comentário abaixo!

Fontes: Baseado em relatos recentes da AP News, Football Italia e Wikipedia (atualizado em novembro de 2025).

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.