Otimismo exagerado: quando a empolgação ignora a realidade
O otimismo é uma força poderosa, mas quando vira euforia cega, ignora perigos reais e cria ilusões perigosas. Foi exatamente o que aconteceu logo após a vitória do Brasil contra Senegal, em outubro de 2025. As manchetes brasileiras explodiram em celebração como se tivéssemos acabado de ganhar a Copa do Mundo:
- “Jornais estrangeiros se assustam com a vitória fácil do Brasil e o despertar do monstro”
- “Brasil supera marcação de Senegal”
- “Brasil derruba a invencibilidade de Senegal” (cujos adversários recentes eram nível Mauritânia, vale lembrar)
- “Primeiro tempo de gala com clima de Copa do Mundo”
- “Brasil encerra tabu histórico” (o tal tabu? Uma derrota em 2023 para a seleção dirigida por Ramon Menezes e… um empate)
- “Brasil faz o melhor jogo da era Ancelotti” (logo no primeiro compromisso oficial do técnico)
- E a cereja do bolo: “Uma vitória épica da seleção. Brasil dominando Senegal e mostrando sua supremacia mundial no Emirates”
Tudo isso por uma vitória suada de 1 a 0, com gol de Luiz Henrique aos 47 do segundo tempo. Aí veio a Tunísia, outro adversário que também só vinha enfrentando seleções do porte de Mauritânia. Até o mais fanático torcedor viu a realidade nua e crua: o Brasil não jogou bem. Teve a sorte de uma penalidade máxima pra lá de duvidosa e ainda uma outra, por sinal, mal cobrada por Lucas Paquetá. O empate foi até generoso. No esporte — e na vida — quem comemora antes da hora costuma atrasar a chegada dele. Empolgação é combustível, mas só funciona quando vem acompanhada de senso crítico. A era Ancelotti está apenas começando. Que venham os fatos, não as manchetes infladas.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.