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Quando a realidade incomoda, muda-se o nome das coisas. Prejuízo vira investimento. Socorro vira reestruturação. Um rombo bilionário nos Correios não é sinal de falência iminente – é apenas mais um “aporte estratégico”. E assim, palavra após palavra, tenta-se convencer o país de que o óbvio não é tão óbvio assim.
Quando os gastos públicos crescem a taxas insustentáveis, a escolha do governo federal não é pela responsabilidade – é pela contabilidade criativa. Retira-se parte das despesas do cálculo, ajusta-se o discurso e proclama-se, com ar solene: “cumprimos a meta”. Quando o arcabouço fiscal se revela não como freio, mas como licença para gastar, aponta-se o dedo para trás e repete-se o velho refrão: “a culpa é do golpe, de Temer e de Bolsonaro”. É a política da desculpa permanente substituindo a política da responsabilidade.
Em 2018, a relação dívida/PIB do Brasil era de 75,3%. Mesmo enfrentando uma pandemia global, uma crise hídrica severa e uma guerra na Europa, essa relação foi reduzida para 71,7% do PIB ao final de 2022. Enquanto o endividamento explodia no mundo inteiro, o Brasil fez o caminho inverso. Hoje essa relação já se aproxima de 80% do PIB. Um crescimento explosivo do endividamento público numa época sem graves crises internas ou externas. Resultado esse que deve ser creditado exclusivamente a erros de política econômica do governo atual.
Todos os indicadores fiscais pioraram sob a gestão do pombo
Estudos acadêmicos são inequívocos: o déficit estrutural caiu nos governos Temer e Bolsonaro e voltou a crescer no atual governo. Os gastos federais, que representavam 19,3% do PIB em 2018, caíram para 18% em 2022. Hoje, já retornam ao patamar de 19%. E tudo isso ocorre num momento em que a carga tributária bate recordes históricos. Nunca o Estado arrecadou tanto – e, ainda assim, as contas públicas se deterioram. Isso não é acaso. É escolha. É visão de mundo.
Todos os indicadores fiscais pioraram sob a gestão do pombo. E como se não bastasse falar bobagens sobre economia, o pombo resolveu opinar sobre segurança pública, criticando operações policiais das quais demonstra não compreender o funcionamento mais elementar. Mas eis o ponto mais revelador: depois de tudo isso, o pombo quer aplausos. Quer ser celebrado por sua passagem pelo Ministério da Fazenda. Ele se tornou o símbolo de uma geração de “talentos” que não apenas destrói, mas exige reconhecimento pela destruição.
E, curiosamente, talvez ele tenha razão em um aspecto. Seu grande ativo sempre foi o jargão: “era um pombo – mas, entre os pombos, parecia o menos ruim”. Olhando em retrospectiva, talvez o mercado tenha aprendido uma lição dura: sempre é possível voar mais baixo. Agora, o pombo sonha com voos maiores e pede aplausos da plateia. Parece título de filme nacional: “Matou a economia e foi ao cinema.”
Mas a história econômica não se escreve com slogans, nem com aplausos forçados. Ela se escreve com responsabilidade, verdade e coragem – virtudes que, infelizmente, faltam aos pombos.
