Relator da CPI do Crime Organizado, senador Alessandro Vieira (MDB-SE). (Foto: Carlos Moura / Agência Senado)

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O senador Alessandro Vieira (MDB-SE) apresentou nesta terça-feira (16) voto em separado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado contra o texto do Projeto de Lei da Dosimetria. A iniciativa contraria a versão do PL aprovada pela Câmara dos Deputados na madrugada do dia 10 de dezembro.

No Senado, o projeto tem relatoria do senador Espiridião Amin (PP-SC) e será o único item da pauta da reunião da CCJ marcada para esta quarta-feira, às 9h. Ao protocolar o voto em separado, Vieira oficializou críticas que já fez à proposta. Ele alertou para mudanças que, segundo ele, enfraqueceriam o rigor penal da aplicação das leis.

“O texto carrega vícios insanáveis, em especial por afrouxar o tratamento penal para crimes diversos daqueles declarados pelos deputados”, escreveu o senador, em publicação nesta segunda-feira na rede social X.

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O voto de Vieira tem importância por ele ser relator do PL Antifacção e também da CPI do Crime Organizado. Seu voto pressiona a relatoria a realizar mudanças substanciais na proposta.

Modificação no cálculo

Se aprovado, o PL da dosimetria alteraria regras do Código Penal relacionadas a crimes contra o Estado de Direito. Um dos principais pontos do texto modifica o cálculo das penas quando várias infrações são cometidas em um mesmo evento, como nas manifestações de 8 de janeiro de 2023.

Atualmente, a legislação permite ao juiz somar as penas de crimes distintos praticados no mesmo contexto – o chamado concurso material – resultando em altas penas.

O PL propõe acabar com a soma e estabelece a aplicação da pena única, com aumento proporcional em função de individualização da conduta, quando estiver associada a umn único episódio.

Na prática, a mudança pode reduzir a pena final de réus condenados por múltiplos crimes no mesmo ato, inclusive em processos já julgados ou ainda em andamento relacionados à suposta tentativa de golpe de Estado em 2023.

Menos penas para atos em multidão

O texto também prevê a reduzir pena para os crimes em contexto de multidão. Quem não tiver financiado ou liderado as ações poderá ter a pena reduzida de um terço a dois terços. A proposta diferencia participantes sem protagonismo de organizadores ou financiadores dos atos, o que tem gerado controvérsia no Senado e motivado manifestações contrárias, como a do senador Alessandro Vieira.