Você culpa seus pais por tudo? Terapeuta alerta sobre 5 erros que podem travar sua vida
Elton Euler explica como atitudes inconscientes podem bloquear o sucesso, a prosperidade e até a saúde
Quantas vezes você já se pegou repetindo padrões familiares, sentindo culpa por querer algo diferente dos seus pais ou carregando dores que nem são suas? Segundo o escritor e pesquisador Elton Euler, o vínculo entre pais e filhos pode ser uma das maiores forças de transformação ou o mais poderoso bloqueio da vida de uma pessoa.
Com uma história de superação marcada por 17 falências antes de se tornar referência em desenvolvimento humano, o especialista fala com autoridade sobre recomeços e por isso fundou a comunidade intitulada “Aliança Divergente”. Hoje, com mais de 160 mil aliados em 60 países, ele acredita que só há evolução quando existe coragem para se desprender e viver o futuro, andando para frente, o que significa continuar amando, mas em liberdade.
Ele explica que o que prende um filho aos pais não é o amor, mas a dependência emocional. “Consegue imaginar alguém crescendo e evoluindo preso a alguma coisa ou a alguém?”, questiona. Essa dependência, segundo ele, nasce de culpas, medos e dívidas emocionais que criam o que chama de “bloqueio de permissão”, quando alguém tem potencial, mas não se sente inconscientemente autorizado a prosperar. “Geralmente o que prende uma pessoa é o problema da outra. Uma passa por problemas e a outra se sente na obrigação de abortar seus sonhos e planos”.
Quem sentiu na pele e se libertou para contar
Não é fácil quebrar paradigmas ainda mais quando falamos em sociedade. Para A.L., administradora de empresas, a vida foi uma pausa durante muitos anos. “Eu percebi em um curso de autoconhecimento que vivia a vida dos meus pais e não a minha. Me culpava e tentava consertar escolhas que não eram minhas e que nunca iriam mudar. Tudo se transformou quando eu finalmente tive coragem e saí de casa para ser protagonista da minha própria história”, conta emocionada.
O engenheiro P. D. de 52 anos vivenciou algo parecido quando decidiu colocar limites entre os pais e sua família atual. “Eu me vi refém de um amor que não era natural, parecia tóxico durante muito tempo e precisei me apoiar na terapia para administrar a relação sem maiores danos”, fala.
Elton lembra que o amor genuíno não pode ser confundido com obrigação. “Desconheço qualquer lei natural ou saudável que prive um indivíduo de sonhar e trilhar seus próprios caminhos em detrimento de escolhas que as pessoas que vieram antes dela fizeram”. Ele afirma que muitas narrativas sociais e religiosas tentam disfarçar a transferência de responsabilidades entre gerações, e isso gera culpa, medo e frustração. “Essas narrativas são uma verdadeira fábrica de bloqueios inconscientes e infelizmente, presenciamos gerações de adultos que não prosperaram, não se desenvolveram e não tiveram vida própria culpando o peso do problema alheio”, explica.
Erros cometidos por amor e como evitá-los
Mas afinal, o que leva tanta gente a sentir-se paralisado diante dos pais e como evitar isso? Elton Euler lista cinco erros que, mesmo cometidos por amor, podem travar a vida pessoal, profissional e até a saúde de um filho ou filha.
- Ter dó do outro. “A gente só sente dó de alguém em quem não acreditamos”. A compaixão é saudável, mas a pena gera dependência.
- Impor ao outro um estilo de vida que ele mesmo não deseje para si. Cada um tem seu ritmo, seus sonhos e seu caminho.
- Se obrigar a resolver os problemas do outro. “Ninguém pode resolver um problema que não criou”.
- Esperar que uma pessoa abra mão dos seus sonhos em detrimento do que a outra está passando. Isso só gera frustração e ressentimento.
- Mostrar mais problemas do que sonhos. “Poucas coisas são mais pesadas e perigosas do que uma pessoa sem sonhos e planos”.
Esses erros, segundo o mentor, alimentam uma teia de dependência emocional que drena energia e bloqueia o crescimento. “Sempre que o que uma pessoa estiver passando for maior do que o que outra estiver tentando, nós teremos a dependência emocional manifestada”, explica. E isso interfere em tudo: relacionamentos, dinheiro, saúde e propósito. Para ele, o primeiro passo é entender que liberdade não é falta de amor, é maturidade emocional. “O fato de alguém te amar não impede que essa pessoa te faça mal, mesmo que não seja por mal”, afirma. Amar de forma saudável é desejar o bem do outro sem precisar carregar seus pesos.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.