Brasília não dorme, e eu também não
Flávio Bolsonaro, Dosimetria, Gilmar Mendes, Carla Zambelli, etc.
Magno Malta - 12/12/2025 15h59

Mesmo em recuperação de uma cirurgia dolorosa, daquelas que nos obrigam a desacelerar o corpo, Brasília decidiu acelerar. E quando Brasília faz isso, ninguém consegue ficar parado, muito menos eu.
A semana foi um redemoinho político, desses que exigem atenção absoluta para não sermos engolidos pelos fatos: Flávio Bolsonaro lançado como pré-candidato à Presidência, a tentativa de empurrar a Dosimetria como solução mágica, Gilmar Mendes recuando após uma decisão monocrática, a Câmara rejeitando a cassação de Carla Zambelli, e tudo isso acontecendo quase ao mesmo tempo, como se o país estivesse à beira de um rearranjo institucional.
Bem, estou de licença médica, mas a verdade é que não existe prescrição capaz de me afastar da discussão sobre a anistia. Quando percebi que poderia haver votação ainda esta semana, entendi que a dor do pós-cirúrgico precisava ficar em segundo plano. O corpo pede repouso, mas a consciência exige presença.
A votação acabou ficando para a próxima semana, mas aprendi ao longo dos anos que, no Parlamento, os dias que antecedem o recesso nunca são comuns. São territórios de manobra, acordos, recuos e avanços que definem destinos.
Nesse tabuleiro tenso, a entrada de Flávio Bolsonaro como pré-candidato à Presidência foi um terremoto. Não apenas na política eleitoral, mas dentro do próprio ecossistema da direita, que vive um processo de depuração. Flávio incomoda. E continuará incomodando. E isso é, justamente, a prova de que a escolha do Capitão mexe com estruturas que se acostumaram a controlar o jogo.
Antes de criticar a escolha de Bolsonaro, é preciso ler o cenário: o inimigo não está entre nós, mas na esquerda que aparelha, manipula e tenta silenciar qualquer força conservadora. Eu apoio Flávio. Estou fechado com ele porque sei que é hora de união, não de fragmentação. É tempo de mirar o alvo correto. Acorda, direita!
Enquanto tudo isso acontecia, tentaram nos vender a Dosimetria como alternativa à Anistia. Só que dosar pena é resposta para criminoso, não para inocente. A justiça que buscamos não pode vir pela metade.
Mas se esse mecanismo vier para aliviar o sofrimento dos patriotas perseguidos, muitos deles pagando por crimes que não cometeram, não serei eu a levantar barreiras. Aceitar o possível não significa desistir do ideal. E o justo segue sendo a Anistia. Então, a luta continua.
No meio desse cenário inflamado, surgiu o ministro Gilmar Mendes com uma decisão monocrática que nada mais era do que uma tentativa de usurpação das prerrogativas do Senado. Quis entregar à PGR o poder de julgar impeachment de ministros do Supremo, uma afronta direta à Constituição.
Mas o Senado reagiu. E quando o Senado age, o recuo vem rápido. E veio. Não fosse essa resposta firme, assistiríamos a mais um capítulo de interferência indevida entre Poderes. Mas desta vez, o Parlamento respondeu a galope e Gilmar recuou.
E quando a semana já parecia intensa o bastante, a Câmara dos Deputados barrou a cassação do mandato de Carla Zambelli, presa na Itália, alvo de perseguição política no Brasil. E, por um instante, a Câmara deixou claro que não se curva. Houve a defesa de um princípio básico, que diz que qualquer brasileiro, inclusive Carla, merece julgamento justo, não execução sumária disfarçada de decisão política.
Mas bastou amanhecer para o “Deus do Olimpo” descer de seu pedestal. Alexandre de Moraes anulou a decisão soberana da Câmara e determinou a cassação de Zambelli…
Pra que serve o Congresso? Fecha logo as portas e entrega a chave, porque assim fica mais coerente. Um escárnio institucional.
Diante disso tudo, podemos dizer que o Brasil vive um momento em que cada decisão institucional revela mais do que aparenta. É como se estivéssemos testando, diariamente, até onde cada Poder pode ir.
Nesse ambiente, sigo determinado, mesmo me recuperando em uma cadeira de rodas, mesmo sentindo dor, porque lutar pelo Brasil sempre custou caro. Nunca houve conforto nessa trincheira. Mas há propósito.
E com propósito, sigo em frente. Porque Brasília pode até não dormir, mas eu também não.
Magno Malta, um senador da direita raiz.
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Magno Malta é senador da República. Foi eleito por duas vezes o melhor senador do Brasil. |
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