Casa Branca lança ‘Infrator da Mídia da Semana’ com lista de veículos acusados de manipular notícias
Nova seção do site oficial do governo americano expõe veículos e jornalistas que, segundo a administração, distorcem fatos para atacar o presidente
A Casa Branca deu mais um passo ousado na sua guerra declarada contra a chamada “grande mídia”. Foi lançada uma nova seção no site oficial do governo intitulada “Infrator da Mídia da Semana”, uma espécie de quadro público de avisos onde o governo aponta, de forma direta e nominal, quais veículos e jornalistas teriam divulgado informações falsas ou distorcidas sobre ações presidenciais.
Segundo informações divulgadas pela própria administração, a ideia é trazer transparência, responsabilizar veículos que repetidamente incorrem em erros e, nas palavras do governo, “expor a má-fé de setores da imprensa que fabricam narrativas”.
Quem está na lista: os primeiros “infratores”
Logo na estreia da página, o governo apontou como infratores:
- CBS News
- The Boston Globe
- The Independent
E também citou nominalmente jornalistas que teriam conduzido reportagens consideradas “enganosas” ou “descontextualizadas”. Para a Casa Branca, essas matérias teriam criado a falsa impressão de que o presidente defendeu medidas extremas contra congressistas da oposição em meio a uma polêmica envolvendo um vídeo sobre “ordens ilegais ao exército”.
O governo argumenta que a cobertura da grande mídia teria omitido contextos importantes e, em alguns casos, apresentado falas do presidente de maneira fora de sequência, gerando interpretação equivocada.
O estopim: a polêmica que desencadeou a ofensiva
O lançamento da seção ocorre logo após uma controvérsia que tomou conta do noticiário nos EUA. Seis congressistas democratas divulgaram um vídeo no qual sugeriam que militares deveriam resistir a “ordens ilegais”. A mídia tradicional transformou o episódio em uma tempestade política, insinuando que o presidente estaria incentivando ações autoritárias.
O governo reagiu duramente, acusando esses parlamentares de promover “instabilidade institucional”. Segundo a Casa Branca, diversos veículos “torceram deliberadamente” o sentido das declarações presidenciais e transformaram um debate jurídico em uma narrativa de crise.
A página inclui uma “Galeria da Vergonha”
Além do “Infrator da Semana”, a Casa Branca colocou no ar uma lista permanente chamada “Galeria da Vergonha”, onde reúne veículos considerados reincidentes em erros graves, entre eles jornais de grande circulação, emissoras de TV tradicionais e colunistas influentes.
A página classifica as infrações em categorias como:
- “Viés sistemático”
- “Falta de contexto”
- “Declaração falsa”
- “Manipulação editorial”
- “Má conduta jornalística”
Segundo a administração, o objetivo é documentar padrões de comportamento, não apenas episódios isolados.
Reações: elogios, críticas e alerta de especialistas
A iniciativa gerou impacto imediato. Setores conservadores elogiaram a medida, afirmando que há anos denunciam parcialidade da mídia e veem o novo sistema como uma ferramenta necessária para enfrentar o monopólio narrativo. Por outro lado, organizações de imprensa e defensores da liberdade de expressão criticaram a ação, acusando o governo de criar uma lista de “alvos políticos”. Para esses grupos, a medida pode intimidar jornalistas e reduzir a independência editorial.
Especialistas também alertam para o risco de a iniciativa ser interpretada como interferência do Estado no trabalho da mídia, mesmo que os veículos continuem livres para publicar o que quiserem.
O pano de fundo: uma relação em crise
A relação entre a Casa Branca e os grandes veículos já vinha se deteriorando. Nos últimos meses, o governo criticou abertamente manchetes consideradas tendenciosas, denunciou distorções estatísticas e reclamou de erros que, segundo a administração, “curiosamente nunca ocorrem a favor do presidente”. O novo site, para muitos, é apenas a formalização de uma disputa que já estava escancarada.
Um movimento que marca posição
Com a criação do “Infrator da Mídia da Semana”, o governo americano muda o tom e assume uma postura mais combativa. Não apenas responde à imprensa — agora expõe, organiza e arquiva o que considera ser erros intencionais.
Se isso será visto como um avanço na transparência ou como uma ameaça à liberdade jornalística dependerá de quem julga. Mas uma coisa é certa: a relação entre governo e mídia nos EUA acaba de entrar em uma nova fase — bem mais dura, direta e barulhenta.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

