Comitiva dos EUA desembarca em Genebra para discutir plano de paz com a Ucrânia

Liderado pelo secretário de Estado Marco Rubio, grupo debaterá proposta de Washington de 28 pontos que prevê concessões territoriais a Moscou e restrições militares a Kiev

  • Por Jovem Pan
  • 23/11/2025 10h21
VALENTIN FLAURAUD / AFP Avião transportando delegação dos EUA, incluindo o secretário de Estado americano Marco Rubio, aterrissa no aeroporto de Genebra, na Suíça Avião transportando delegação dos EUA, incluindo o secretário de Estado americano Marco Rubio, aterrissa no aeroporto de Genebra, na Suíça

O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, chegou à Suíça neste domingo (23) à frente da delegação dos Estados Unidos para uma série de negociações sobre o futuro da guerra no Leste Europeu. O objetivo da missão diplomática é debater com autoridades ucranianas e parceiros da Europa o novo plano de paz elaborado pela Casa Branca para encerrar o conflito com a Rússia.

A equipe enviada por Washington inclui, além de Rubio, o secretário do Exército, Dan Driscoll, e Steve Witkoff, enviado especial do presidente Donald Trump. Eles se reunirão com uma comitiva ucraniana chefiada por Andrii Yermak, chefe de gabinete do presidente Volodymyr Zelensky.

Para ampliar o escopo das discussões, o encontro em Genebra conta também com a presença de representantes de alto escalão das potências europeias. Estão presentes conselheiros de segurança nacional do grupo E3 (Alemanha, França e Reino Unido), bem como emissários da União Europeia representando a Comissão e o Conselho Europeu.

O foco central das conversas é um documento de 28 pontos construído pela administração norte-americana. O texto tem gerado forte controvérsia internacional por conter cláusulas consideradas favoráveis ao Kremlin. Entre as medidas mais polêmicas estão a exigência de que a Ucrânia ceda porções significativas de seu território ocupado pela Rússia e a imposição de limites ao tamanho das Forças Armadas ucranianas.

A proposta colocou o governo de Kiev em uma posição delicada. O presidente Zelensky, que reiteradamente rejeitou entregar territórios, afirmou que o país enfrenta um dos momentos mais difíceis de sua história, vendo-se diante do dilema de escolher entre a preservação de sua soberania total ou a manutenção do apoio vital dos Estados Unidos.

Reações e expectativas

A recepção ao plano no continente europeu foi de cautela e crítica. Alice Rufo, ministra delegada do Ministério da Defesa da França, expressou preocupação antes da reunião, classificando as restrições ao exército ucraniano como uma limitação inaceitável da soberania do país, reforçando que a Ucrânia precisa manter sua capacidade de autodefesa.

A União Europeia adotou um tom diplomático, mas firme. Em comunicado, o bloco reconheceu que o projeto contém elementos importantes para iniciar um diálogo, servindo como base para “trabalho adicional”, mas reafirmou o princípio internacional de que fronteiras não podem ser alteradas pelo uso da força.

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Do lado americano, o presidente Donald Trump sinalizou alguma flexibilidade. Embora pressione para que a Ucrânia aceite um acordo rapidamente — até o final da próxima semana —, Trump declarou no sábado (22), na Casa Branca, que o atual texto não representa sua “oferta final”. O mandatário reforçou seu desejo de “alcançar a paz” e acabar com um conflito que, segundo ele, nunca deveria ter começado, mas não especificou quais pontos do plano estariam abertos a revisão durante as tratativas na Suíça.