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O domínio da esquerda sobre aspectos fundamentais da educação tem afastado o ensino de seu verdadeiro propósito perdagógico, transformando-o em instrumento para manutenção do controle ideológico. A educação brasileira, em vez de priorizar qualidade e resultados, tornou-se refém de políticas públicas orientadas por militância progressista.
Por meio da criação de legislações que a favorecem e da restrição de repasses de verbas, a esquerda mantém as escolas, especialmente as salas de aula, como uma espécie de “caixa-preta”, impondo políticas que dificultam a entrada de profissionais e projetos que não estejam politicamente alinhados ao seu modus operandi.
Anamaria Camargo, mestre em Educação pela Universidade de Hull e presidente do Livre pra Escolher, alerta para os riscos desse domínio ideológico diante da qualidade da educação. “O que se espera de uma educação básica é formar pessoas éticas, capazes e independentes. O que o Estado, dominado pela esquerda, tem feito é exatamente o oposto: formar pessoas manipuláveis, autocentradas e emocionalmente frágeis. Um desastre”, analisa.
Resistência em parceria público-privadas demonstra seleção ideológica
Um exemplo que evidencia essa busca por alinhamento ideológico na educação brasileira está nas parcerias público-privadas (PPP). Recentemente, a Justiça de Minas Gerais impediu a expansão do “Projeto Somar”, do governo estadual, após uma ação movida pelo Sindicato Único dos Trabalhadores de Educação de Minas Gerais. O projeto já apresentava resultados positivos, como a redução da ausência de professores e melhora no desempenho escolar.
Curiosamente, enquanto há forte resistência contra parcerias entre governo estadual e gestão privada, a Lei do Fundeb, principal legislação sobre financiamento da educação básica pública, permite o repasse de recursos públicos para as Escolas Família Agrícola (EFAs), muitas delas vinculadas a movimentos sociais, como o Movimento dos Sem Terra (MST). Esse contraste evidencia como recursos públicos são direcionados apenas para quem está ideologicamente alinhado.
O mestre em Administração pela UFMG, Thiago Alvim, que atua no fomento de projetos educacionais, critica essa seletividade ideológica. “É como se tivéssemos uma parte da sociedade civil organizada legítima para ser parceira do Estado e outra nem tanto. É um movimento forte, que tem grande resistência à diversidade de ideias. Tão forte que conseguiu institucionalizar a exceção apenas para esse grupo de organizações na própria Lei do Fundeb”, afirma.
Ideologia na educação especial está acima de apoio a alunos
Escolas especializadas, como APAEs e Pestalozzis, também recebem recursos do Fundeb. Porém, recentemente, o ministério da Educação (MEC) apresentou um decreto que dificultaria esse repasse e previa que 100% das matrículas fossem em escolas regulares, inclusive para alunos com deficiência, mesmo sem o suporte adequado. Diferentemente do ensino regular, as instituições especializadas não seguem agendas ideológicas.
Após pressão de famílias e parlamentares, especialmente no Senado Federal, o MEC recuou e alterou o decreto, garantindo a continuidade das escolas especializadas e a possibilidade de repasses orçamentários.
Outro ponto polêmico foi a resistência do MEC para homologar o parecer 50 do Conselho Nacional de Educação (CNE), que trata do atendimento educacional de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Grande parte da oposição ao documento se deu porque ele reforçava o direito à presença de um acompanhante especializado em sala de aula, responsável por garantir a aplicação do plano de ensino individualizado (PEI) para alunos com autismo. O episódio revela a resistência à transparência, mantendo a sala de aula como um espaço inacessível, sem qualquer forma de fiscalização. O texto só foi homologado pela pasta após ajustes feitos pelo CNE.
Pais precisam saber sobre distorções na educação
Camargo aponta diversas outras diretrizes e normas que revelam a influência da esquerda no ensino. Um documento sobre a formação de docentes, do CNE, orienta que cursos e programas de professores da educação básica valorizem “diversidade étnico-racial, de gênero, sexual, religiosa”. Já o Plano Nacional de Ensino (PNE), aprovado recentemente pela Câmara dos Deputados, determina que o ensino integral inclua temas transversais como democracia, relações étnico-raciais e direitos humanos.
“Quando um pai ou uma mãe ouve palavras como ‘diversidade’, acha que é algo positivo, mas não é. Quando se fala em ‘direitos humanos’, isso pode incluir pautas como uso de banheiro feminino por meninos que se identificam como meninas ou até ‘direito ao aborto’. A esquerda chama tudo isso de ‘direitos humanos'”, alerta Camargo.
Para a especialista, a forma de combater esse domínio é dar transparência aos efeitos nocivos das práticas ideológicas presentes nas escolas. “É importante que os pais saibam o que está acontecendo nas escolas de seus filhos. Apenas uma parcela muito pequena da sociedade é a favor de pautas progressistas woke. É fundamental, então que essa maioria entenda o que está acontecendo e se envolva para pressionar as autoridades por mudanças”, conclui.