Criadouro acusado de contaminar 11 ararinhas-azuis contesta laudo sobre circovírus
Empresa nega acusações do ICMBio e afirma seguir rígidos protocolos de biossegurança e de bem-estar animal para as 103 aves em risco de extinção
Na última semana, o Criadouro Ararinha-azul, localizado em Curaçá (BA), rejeitou com “veemência” as acusações de negligência, desleixo e condições insalubres nas instalações, onde mantém 103 ararinhas-azuis, sendo 98 negativas para o circovírus. A instituição afirma seguir protocolos rígidos de biossegurança e bem-estar animal e conta com instalações e equipamentos adequados ao manejo das aves.
A empresa alega que a equipe de trabalho é formada por profissionais brasileiros e estrangeiros de alto nível, como médicos-veterinários, tratadores aviculturistas e consultores especialistas em manejo e reprodução de ararinhas-azuis, que “trabalham há mais de 15 anos para a conservação da espécie, 24 horas por dia, 7 dias por semana, durante todo o ano”.
A direção do criadouro explica que as aves recebem alimentação balanceada, vivenciam um conjunto de práticas que melhoram o bem-estar físico e psicológico dos animais em cativeiro, têm assistência veterinária permanente e o manejo é feito em ambiente limpo e seguro. “O sucesso reprodutivo da espécie, com o nascimento de filhotes em cativeiro, é apontado como um dos indicadores da qualidade da empresa no cuidado oferecido às ararinhas”, afirmou a instituição em nota.
A instituição contesta ainda a informação de que “as últimas ararinhas-azuis na natureza” estariam sob risco iminente em razão do circovírus, uma vez que ‘até 2019, não havia nenhuma ararinha na Caatinga“. Com a construção do criadouro, 101 aves foram trazidas para o bioma. Hoje, segundo o criadouro, há 103 ararinhas-azuis sob seus cuidados, sendo 98 com exames negativos para o vírus e 5 com detecção de circovírus em ao menos um exame.
Quanto às 11 aves de vida livre capturadas, os exames mais recentes identificaram vírus detectado em 5 aves no total (3 do plantel e 2 das recapturadas), com divergência entre metodologias laboratoriais. Testes realizados com técnicas convencionais, inclusive pelo laboratório do governo, apontam para 3 aves positivas, em contradição a outro teste que detecta o vírus para as 11 araras. Essas aves estão isoladas, e estão sem contato com outras araras, com separação de utensílios e profissionais.
O criadouro declara que “em vez de atuar em cooperação para enfrentar um problema sanitário que existe no Brasil há mais de 30 anos”, o Estado preferiu “transferir a culpa e buscar punições contra uma entidade privada que investe recursos próprios na conservação de uma espécie ameaçada”.

Criadouro contesta laudo sobre circovírus em 11 ararinhas-azuis na Bahia
Entenda o caso
A ararinha-azul, espécie considerada extinta na natureza por décadas, vem sendo reintroduzida na Caatinga em Curaçá (BA), por meio de um programa que envolve criadouros, órgãos ambientais e organizações parceiras. Em 2022, aves repatriadas foram soltas em vida livre na região e, desde então, o projeto se tornou referência em conservação da espécie.
Em 2025, exames identificaram circovírus em ararinhas-azuis do programa, levando o ICMBio e o órgão ambiental da Bahia a abrirem investigação sobre possíveis falhas em protocolos de biossegurança no criadouro responsável pelas aves.
A partir daí, foram aplicadas multas, emitidas notas oficiais sobre a origem do vírus, as responsabilidades e o impacto da doença na sobrevivência da espécie na natureza.
