
Esta terça-feira foi um dia bombástico. Tivemos a revelação da Malu Gaspar, d’O Globo, do contrato entre o Banco Master e o escritório de advocacia da família de Alexandre de Moraes, que está em nome da mulher dele, da filha e do filho. Um contrato para “serviços advocatícios diversos” por 36 meses, a R$ 3,6 milhões por mês. Advogados amigos meus dizem que nunca viram um valor desses, nem Rui Barbosa cobraria isso. E sem definição, e com prioridade de pagamento. Tinha de pagar de qualquer jeito, a cada mês. Isso já é suficiente para entendermos o que está acontecendo.
Em tempos normais, eu que já tenho 55 anos de jornalismo, isso seria manchete garrafal, com ministro saindo no dia seguinte, entregando o cargo. Isso em outros tempos. Agora, o próprio Supremo recebe ações dos escritórios de familiares. Enterraram a ética, e a ética é a base de tudo. Então não há mais base, não há mais raiz. Isso é incrível, no sentido de que não devia ter acontecido. Assim como a viagem de Dias Toffoli em um jatinho particular onde também estava o advogado de um dos diretores do Master, e dois dias depois Toffoli decreta sigilo absoluto sobre as investigações do Master – talvez por causa desse contrato, ou de outros.
WhatsApp: entre no grupo e receba as colunas do Alexandre Garcia
Bem, estamos falando do tribunal onde Lula, depois de ter sido condenado tantas vezes, em tantas instâncias, com tantos juízes, teve seus processos anulados por causa do CEP de Curitiba. Devia ser o CEP de Brasília e São Paulo. Todo juiz de primeira instância sabe que, se o processo está na jurisdição errada, mas está no fim, se já houve condenação, não se mexe mais nele. Não vão anular tudo só porque está em outra instância, em outra cidade.
Lula volta a ter problemas de popularidade
O STF livrou Lula, ele está aí, mas vemos que ele não está bem, está cada vez pior. Na pesquisa Ipsos/Ipec sobre o governo Lula, temos 40% de ruim e péssimo, 30% de bom e ótimo. Não está bom, ele não está preparado para o ano que vem. Vai gastar muito Bolsa Família, muito benefício, e quem vai bancar somos nós, pagadores de impostos e pagadores de juros, porque o desequilíbrio das contas públicas pressiona a inflação, que faz subir os juros, para segurar os preços.
Datafolha mede a força dos Bolsonaro contra Lula
O Datafolha quis saber se a indicação de Flávio por Jair Bolsonaro tem algum efeito em relação a Lula. Se Flávio fosse para o segundo turno, Lula ganharia e Flávio faria 36%; Michelle faria 39%; Eduardo teria 35%. Tarcísio de Freitas está melhor, faria 42%. Ratinho Júnior, 41%. O próprio Bolsonaro aparece com 40%. Mas as pessoas sabem que está inelegível; então, Flávio e Eduardo Bolsonaro têm praticamente a mesma cotação dos entrevistados, com Michelle um pouco acima, e Tarcísio e Ratinho aparecendo com o mesmo nível de preferência no Datafolha.
Glauber Braga continua causando confusão por onde passa
Terça-feira foi um horror na Câmara. O deputado Glauber Braga, do Psol, vive criando casos, acertou um pontapé em um jornalista na Câmara, depois brigou com a polícia em uma manifestação estudantil no Rio, e agora sentou-se na cadeira do presidente da Câmara, dizendo que não sairia; teve de ser retirado pela Polícia Legislativa à força. Ele queria impedir que votassem o projeto de lei da dosimetria, aquele que tem Paulinho da Força como relator. Ele disse que Bolsonaro ficaria com a pena de dois anos e quatro meses em regime fechado, naquele cubículo de 12 metros quadrados – ele não vai resistir, claro. Para quem não cometeu crime, até um ano, até um dia de prisão é injusto.
Dino manda retirar advogado da tribuna; o que a OAB dirá?
A Polícia Judiciária teve de agir também para retirar da tribuna o advogado Jeffrey Chiquini. Flávio Dino, presidente da Primeira Turma do STF, mandou retirá-lo porque ele estava exigindo explicações da Procuradoria-Geral da República, que teria incluído documentos e provas no último momento, naquela conclusão final, sem os advogados saberem. Isso é impossível dentro do devido processo legal, mas no Brasil não existe mais devido processo legal. Vão querer o quê? Eu até acho estranho: todo advogado que participa disso, todo réu que aparece lá, está participando de algo ilegal, que não está baseado na Constituição, nos princípios do direito. Vamos ver o que a OAB diz sobre um advogado ser retirado da tribuna do Supremo pela Polícia Judiciária.
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos
