Em vários grupos dos EUA, já morre mais gente do que nasce; o que isso revela sobre o país
Especialistas afirmam que o país está cada vez mais perto de um cenário em que, a cada inverno, os registros de óbitos ultrapassarão sistematicamente os de novos bebês
Um novo alerta demográfico vem chamando a atenção nos Estados Unidos. Em diversos grupos populacionais, o número de mortes já supera o de nascimentos, algo que até pouco tempo atrás parecia distante para uma nação que sempre cresceu apoiada em imigração e altas taxas de natalidade.
Especialistas afirmam que o país está cada vez mais perto de um cenário em que, a cada inverno, os registros de óbitos ultrapassarão sistematicamente os de novos bebês. O tema ganhou destaque em uma coluna recente de Andrew Van Dam, no Washington Post.
O fenômeno preocupa economistas, urbanistas e autoridades de saúde. Ele não ocorre em toda a população americana, mas em segmentos específicos, especialmente entre comunidades mais envelhecidas, regiões rurais e grupos que enfrentam dificuldades econômicas ou problemas severos de saúde pública.
Por que isso está acontecendo
Pesquisadores apontam três grandes movimentos responsáveis pela inversão demográfica:
Envelhecimento acelerado: Assim como no Brasil, os americanos estão tendo menos filhos e vivendo mais tempo. Isso faz com que a população idosa cresça mais rápido do que a população jovem;
Crise de saúde pública: Nos últimos anos, os Estados Unidos enfrentaram quedas consecutivas na expectativa de vida, influenciadas por overdoses, doenças crônicas e impactos indiretos da pandemia;
Desigualdade regional: Enquanto grandes cidades seguem crescendo por causa da imigração e de economias mais fortes, vastas áreas do interior estão encolhendo. Nessas regiões, hospitais fecharam, jovens foram embora e a população restante está cada vez mais velha;
Alguns grupos já vivem ‘crescimento negativo’
Entre os grupos onde mortes superam nascimentos estão:
– Comunidades rurais de estados como Virgínia Ocidental, Kentucky e Maine;
– Populações brancas de baixa renda;
– Regiões industriais que perderam empregos ao longo das últimas décadas;
– Condados com forte envelhecimento e baixa imigração;
Segundo demógrafos, esse “crescimento negativo” tende a se expandir para outras partes do país nas próximas décadas.
O que isso significa para os EUA
A mudança demográfica tem efeitos profundos:
– Menos trabalhadores disponíveis para sustentar aposentadorias e programas sociais;
– Mais pressão sobre o sistema de saúde;
– Cidades encolhendo e perdendo serviços;
– Tensões políticas entre estados que crescem e estados que perdem população;
– Dependência cada vez maior da imigração, tema que divide intensamente o país;
Há também um impacto econômico direto: regiões que encolhem atraem menos investimentos, menos empresas e tendem a enfrentar ciclos de empobrecimento.
O Brasil vive um movimento parecido, embora em ritmo diferente. A taxa de natalidade brasileira já está abaixo do nível de reposição e o país envelhece mais rápido do que os EUA envelheceram. Isso torna a experiência americana um alerta para o que pode acontecer por aqui:
– Queda de força de trabalho;
– Aumento do custo das aposentadorias;
– Cidades pequenas perdendo população;
– Necessidade de revisar políticas de imigração e incentivo à natalidade;
A situação dos Estados Unidos mostra como mudanças populacionais profundas podem remodelar a economia, a política e até a cultura de um país.
Um inverno demográfico se aproximando
Os especialistas dizem que os EUA estão no limiar de um novo ciclo. Nos próximos anos, principalmente nos meses de inverno, o total de mortes deve ultrapassar o de nascimentos de forma recorrente. Para um país que sempre cresceu rápido, essa virada representa não apenas uma estatística, mas uma mudança histórica.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

