Entenda os próximos passos de Eduardo Bolsonaro após STF torná-lo reú

Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal aceitou, por unanimidade, tornar o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) réu por coação no curso do processo que resultou na condenação de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro

  • Por Jovem Pan
  • 15/11/2025 11h57
WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO PGR pede abertura de inquérito para investigar atuação de Eduardo Bolsonaro nos EUA contra autoridades brasileiras DF - EDUARDO BOLSONARO/EUA/PGR/INQUÉRITO - POLÍTICA - Foto de arquivo de 28/03/2023 do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL- SP) em sessão da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados, em Brasília (DF). A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda- feira, 26 de maio de 2025, a abertura de um inquérito para investigar o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro pela atuação nos Estados Unidos contra autoridades brasileiras. A PGR atribui ao deputado uma campanha de intimidação e perseguição contra integrantes da própria Procuradoria, do Supremo e da Polícia Federal envolvidos em investigações e processos contra bolsonaristas. 28/03/2023 - Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou, por unanimidade, tornar o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) réu por coação no curso do processo que resultou na condenação de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, pela tentativa de golpe de Estado. O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, foi acompanhado pelos ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia. A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa Eduardo Bolsonaro de atuar nos Estados Unidos para pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) por meio da articulação de sanções do governo Donald Trump, como o aumento de tarifas, suspensão de vistos e aplicação da Lei Magnitsky, que visa punir autoridades responsáveis por violações dos direitos humanos.

Para Moraes, existem “indícios suficientes e razoáveis de autoria” e uma “grave ameaça” dirigida a ministros do STF, com tais ameaças sendo amplamente divulgadas nas redes sociais do deputado. Em resposta, Eduardo Bolsonaro classificou a ação como uma “gambiarra jurídica”.

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Próximos Passos no Processo

Com a decisão do STF, agora o processo seguirá etapas regimentais, incluindo a possibilidade de um pedido de extradição, visto que o deputado está nos Estados Unidos desde fevereiro deste ano, o que levanta a questão de como o STF irá formalizar os atos do processo. O primeiro passo após o recebimento da denúncia seria a abertura de um prazo para que a defesa de Eduardo Bolsonaro apresente sua “resposta à acusação”, onde podem ser levantadas alegações como inexistência de crime, prescrição ou questionamentos sobre a própria imputação. Em seguida, caso a denúncia seja aceita, o processo entra na fase de instrução, quando a PGR e a defesa colhem provas, apresentam documentos, arrolam testemunhas e realizam diligências. O interrogatório do acusado é a última etapa dessa fase.

O STF também pode solicitar a extradição de Eduardo Bolsonaro, seja para garantir sua presença durante o processo ou para a execução de uma possível pena. No entanto, como explica o professor Marcelo Crespo, a extradição para execução de pena só seria viável após uma condenação e uma base concreta para a medida. Até o momento, não há uma prisão preventiva ou condenação formal que justifique tal solicitação.

Além disso, a decisão de extraditar Eduardo Bolsonaro dependeria da disposição do governo dos Estados Unidos, que já sancionou alguns ministros do STF no passado. Segundo Crespo, a questão envolve também um componente político, dado o interesse da administração de Donald Trump em aproximar-se do governo Lula.

Após a fase de instrução, o caso seguirá para as alegações finais, onde a PGR apresentará sua posição e, em seguida, a defesa de Eduardo Bolsonaro. O deputado é atualmente representado pela Defensoria Pública da União, visto que não contratou advogado particular. Finalizada essa etapa, a Primeira Turma do STF decidirá se o deputado será condenado, absolvido ou se alguma parte da acusação será arquivada. O julgamento poderá ser realizado presencialmente ou, se o processo seguir pelo plenário virtual, será decidido de forma remota.

*Com informações do Estadão Conteúdo