Praias Florianópolis, capital SC
Nomes de praias com marcas de empresas são novidades em projeto de lei aprovado em Florianópolis. (Foto: Tiago Ghizoni/Secom/Governo de SC)

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As famosas praias da capital catarinense, Florianópolis, podem ser batizadas com nomes de empresas — os chamados naming rights —, prática comum em espaços culturais e estádios de futebol. A Câmara Municipal aprovou nesta terça-feira (2), em votação única, o projeto de lei que autoriza o Executivo a firmar contratos de cessão onerosa de direito à denominação, que também inclui outras áreas públicas, além das praias. Dos 23 vereadores, quatro se abstiveram e quatro votaram contra, garantindo a maioria necessária para a aprovação.

Pelo texto, o Executivo poderá celebrar contratos com o setor privado para nomear eventos e equipamentos públicos nas áreas da cultura, esportes, educação, assistência social, lazer, meio ambiente, mobilidade urbana, saúde e desenvolvimento econômico. Entre os exemplos citados estão o Mercado Público, a passarela do Samba, o Carnaval, o Réveillon, a feira de Cascaes, a Fenaostra e as praias da capital.

Três emendas foram aprovadas pelos vereadores ao projeto de lei de autoria do prefeito Topázio Neto (PSD). A principal delas amplia o direito para que empresas também adotem ruas, avenidas e praças com nomeação dos espaços.

"Agora o Mercado Público vai poder ser patrocinado por uma grande empresa. Ela vai poder colocar 'Mercado Público' e no final o nome da empresa para explorar aquele espaço com as suas propagandas. Em contrapartida, vai manter o mercado em dia, todo bonito, pintado; não vai mexer nada na arquitetura. Ao contrário, é uma forma das empresas ajudarem a cidade a cuidar do seu patrimônio”, exemplifica o vereador Diácono Ricardo (PSD), líder do governo na Câmara.

De acordo com o projeto de lei, a concessão dos naming rights deverá ser feita por meio de licitação, com critérios definidos em edital e seguindo a legislação municipal, estadual e federal. As empresas poderão participar individualmente ou em consórcio, e os contratos terão prazo determinado, conforme cada edital.

O projeto também define que as empresas vencedoras deverão oferecer contrapartidas ao município, com investimentos anuais nos eventos ou nos equipamentos públicos. O edital deve prever descontos no valor a ser pago pela cessionária, caso ela realize benfeitorias, promova atividades de interesse coletivo ou incentive ações voltadas aos usuários das áreas públicas.

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Novo plano de turismo da capital cede pontos turísticos para iniciativa privada

Em paralelo ao projeto de lei sobre naming rights, a Prefeitura de Florianópolis lançou, em 26 de novembro, o Plano Estratégico de Turismo. O documento prevê uma série de parcerias público-privadas (PPPs), concessões e requalificações de pontos turísticos para melhorar a infraestrutura da capital até 2033.

Segundo a proposta, empresas podem assumir a gestão de trilhas em unidades de conservação e se responsabilizar por melhorias em dunas e mirantes. Praças e parques também estão no plano para receber novo mobiliário urbano, paisagismo, iluminação e acessibilidade.

"Por exemplo, podemos conceder o direito de alguém instalar um pequeno barzinho no Morro da Cruz para servir o turista que chega lá. Ele obviamente não vai pagar nada para acessar o mirante, só vai pagar o que consumir no bar", explica o prefeito Topázio Neto.

Ao todo, 100 pontos ligados ao turismo na cidade foram incluídos no plano de PPPs com a iniciativa privada. De acordo com a prefeitura, o modelo não se configura como privatização, mas como uma parceria para que a empresa explore economicamente o espaço e o transforme em "produto turístico".

Balneário Camboriú e o governo de SC já têm legislações próprias sobre naming rights

Parcerias com empresas através de cessão onerosa de direito à denominação de eventos e equipamentos públicos não é uma novidade em Santa Catarina. Balneário Camboriú tem lei específica desde 2016 (Lei nº 3.907). No fim de 2024, a Assembleia Legislativa de Santa Catarina aprovou a legislação a respeito de naming rights, que foi sancionada pelo governador Jorginho Mello (PL) em janeiro deste ano (Lei 19.223/2025).

De autoria do deputado estadual Matheus Cadorin (Novo), o texto prevê que a cessão dos nomes de espaços públicos a empresas devem ser feitas por licitação e pagamento anual. Este valor pode ter desconto se a vencedora do edital realizar benfeitorias e outras ações de interesse público.

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