Confusão: General Heleno e, ao fundo, seu advogado, Matheus Milanez. A defesa diz que o perito cometeu um "equívoco" ao perguntar data do diagnóstico a um paciente com Alzheimer.
Confusão: General Heleno e, ao fundo, seu advogado, Matheus Milanez. A defesa diz que o perito cometeu um "equívoco" ao perguntar data do diagnóstico a um paciente com Alzheimer. (Foto: Gustavo Moreno/STF)

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O advogado Matheus Milanez, que defende Augusto Heleno, apresentou neste sábado (29) ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes as explicações solicitadas sobre o quadro de Alzheimer do general. Milanez argumenta que foi "um equívoco por parte do perito" questionar sobre a data do diagnóstico, já que o general, com a doença, "não tem condições de explanar sobre marcos temporais."

Durante seu exame médico, Heleno alegou possuir doença de Alzheimer desde 2018. A condição embasou um pedido de prisão domiciliar humanitária, ao qual a Procuradoria-Geral da República concordou. Moraes, no entanto, pediu os documentos que comprovassem a condição, bem como questionou o motivo pelo qual Heleno, mesmo com a condição, assumiu o cargo de ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), cargo que lida com informações sensíveis. Ele também solicitou documentos que comprovassem a condição médica alegada e perguntou se Heleno informou ao GSI ou a outro órgão federal sobre a questão de saúde.

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A defesa, porém, contrapõe Moraes: "O réu não estava diagnosticado com a doença de Alzheimer nos anos de 2019 a 2022, sendo diagnosticado somente em janeiro de 2025, nos termos da vasta documentação anexada. De modo que não tinha o que informar à Presidência da República, ao Ministério ou mesmo a qualquer outro órgão.”

Milanez lembrou que a defesa não diz em momento algum que o diagnóstico é de 2018. A informação veio de Heleno que, justamente por conta do Alzheimer, pode ter se confundido.

Durante o interrogatório na ação penal nº 2668, Heleno respondeu apenas às perguntas feitas por sua própria defesa. Agora, Milanez explica: "O quadro médico foi, inclusive, o motivo de o Requerente ter optado por responder apenas às perguntas de seu advogado durante o interrogatório, pois ele já não tinha segurança quanto a fatos e cronologias."

Com a argumentação, a defesa conclui: "não há exames a colacionar referentes a tal doença entre os anos de 2018 e 2023, eis que os exames específicos foram realizados em 2024 e o diagnóstico foi fechado somente em janeiro de 2025."

Augusto Heleno foi condenado a 21 anos de prisão por ser considerado parte do suposto plano de golpe de Estado. Ele tem 78 anos e está preso no Comando Militar do Planalto, em Brasília.