Itália prende nove suspeitos de financiar o Hamas por meio de entidades de caridade

Investigação aponta desvio de cerca de 7 milhões de euros arrecadados para fins humanitários; entre os detidos está o presidente de associação pró-Palestina com sede em Gênova

  • Por Jovem Pan
  • 27/12/2025 23h04
Tiziana Fabi/AFP A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, recebe o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, no Palácio Chigi, antes de reunião em Roma A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, recebe o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, no Palácio Chigi, antes de reunião em Roma

Promotores italianos anunciaram neste sábado (27) a prisão de nove pessoas suspeitas de financiar o grupo terrorista Hamas por meio de instituições de caridade na Itália. A operação foi conduzida por unidades antimáfia e antiterrorismo, com apoio de órgãos de investigação de outros países da União Europeia.

Segundo a Promotoria de Gênova, os investigados são acusados de pertencer ao Hamas ou de financiar suas atividades, organização classificada como terrorista pela União Europeia. As apurações indicam que cerca de 7 milhões de euros (aproximadamente R$ 45 milhões) arrecadados para fins humanitários foram desviados, nos últimos dois anos, para entidades ligadas ao grupo. A polícia informou ainda a apreensão de bens avaliados em mais de 8 milhões de euros.

Entre os presos está Mohammad Hannoun, presidente da Associação de Caridade em Solidariedade com o Povo Palestino, com sede em Gênova. De acordo com os investigadores, ele mantinha contatos frequentes com representantes de organizações semelhantes em países como Holanda, Áustria, França e Reino Unido, além de relações com integrantes do alto escalão do Hamas. As autoridades afirmam que interceptações telefônicas indicam a existência de uma rede internacional de arrecadação de recursos que operava sob a aparência de ações beneficentes.

A investigação teve início após a identificação de transações financeiras suspeitas e avançou com a cooperação de autoridades estrangeiras, sob coordenação da agência judicial europeia Eurojust. As autoridades italianas afirmam que os repasses ocorriam por meio de transferências bancárias e outros mecanismos para associações no exterior, algumas delas sediadas na Faixa de Gaza.

A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, elogiou a ação, classificando-a como “particularmente complexa e importante” por revelar o financiamento do Hamas por meio de supostas organizações de caridade. O ministro do Interior, Matteo Piantedosi, afirmou que a operação expôs atividades que, segundo ele, escondiam apoio a organizações terroristas.

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O caso ocorre em meio ao agravamento das tensões relacionadas à guerra entre Israel e o Hamas. Desde o ataque do grupo ao sul de Israel, em 7 de outubro de 2023, que deixou cerca de 1.200 mortos, Israel conduz uma ofensiva militar na Faixa de Gaza. Segundo o Ministério da Saúde local, mais de 71 mil pessoas morreram no território palestino desde o início do conflito.