Megaoperação ‘Poço de Lobato’ mira 190 empresas e pessoas ligadas ao Grupo Refit

Investigação do Ministério Público de São Paulo aponta esquema bilionário de sonegação envolvendo refinaria, distribuidoras de fachada, fintechs e offshores

  • Por David de Tarso
  • 27/11/2025 08h11
Reprodução Receita Federal A ação é conduzida pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) e Receita Federal

Uma megaoperação deflagrada nesta quinta-feira (27), denominada Poço de Lobato, colocou sob mira 190 empresas e pessoas ligadas ao Grupo Refit, conglomerado do setor de combustíveis com mais de 70 anos de atuação no Rio de Janeiro. A ação é conduzida pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) e Receita Federal, que aponta que o grupo teria sido responsável por desviar cerca de R$ 26 bilhões em ICMS e impostos da União, por meio de um amplo esquema de sonegação fiscal.

A Refit, dona da antiga Refinaria de Manguinhos, no Rio, apresenta-se publicamente como uma empresa instalada às margens da Avenida Brasil. Segundo o próprio grupo, comandado pelo empresário Ricardo Magro, sua refinaria ocupa cerca de 600 mil metros quadrados e abriga um dos maiores parques de armazenagem de líquidos do país, com capacidade superior a 200 milhões de litros, produzindo gasolina, diesel e diesel marítimo, além de combustíveis aditivados.

De acordo com o MPSP, porém, a empresa estaria no centro de uma cadeia criminosa complexa, na qual a refinaria funcionaria como base estrutural para a sonegação. As investigações identificam a existência de bases de armazenamento, distribuidoras de fachada, fintechs usadas para lavagem de dinheiro, postos varejistas no Rio e em São Paulo, além de empresas financeiras, administradoras, gestoras de fundos, núcleos de tecnologia e até offshores internacionais integradas ao esquema.

As apurações apontam estratégias para ocultar e blindar os reais beneficiários das operações ilícitas, utilizando “falsidades, camadas societárias e financeiras fraudulentas” e uma extensa rede de colaboradores. Conforme o grupo empresarial que representa setores da cadeia de produção e distribuição de combustíveis, as operações seriam legais — uma alegação que, conforme o Ministério Público, não se sustenta diante das evidências levantadas.

Como parte das ações desta quinta-feira, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 8,9 bilhões contra todos os integrantes do grupo investigado. Paralelamente, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) adotou medidas na Justiça Federal para tornar indisponíveis R$ 1,2 bilhão da empresa.

Uma coletiva de imprensa sobre a operação está marcada para esta quinta-feira, às 11h, com a participação do Procurador-Geral de Justiça do Estado de São Paulo, Paulo Sérgio Oliveira e Costa, e do governador Tarcísio Gomes de Freitas, quando mais detalhes serão divulgados. A Coluna apurou que os mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos em cinco estados — São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Maranhão — e no Distrito Federal.

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A Coluna entrou em contato com o Grupo Refit, mas ainda não obteve resposta. O espaço permanece aberto para manifestações ou esclarecimentos.

 

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.