Motins, mortes e agressão geram instabilidade nas penitenciárias de São Paulo
Até a última atualização, nove detentos morreram e quatro policiais penais ficaram ferido
Uma onda de violência marcou a semana nas penitenciárias do Estado de São Paulo, com registros de motins, mortes e agressões em pelo menos três unidades prisionais. As ocorrências, relatadas pelo sindicato que representa os policiais penais, evidenciam um cenário de superlotação, déficit de efetivo e condições precárias de trabalho.
Os casos mais graves ocorreram nas penitenciárias de Marília e Hortolândia. Em Marília, um motim iniciado em um pavilhão isolado resultou na morte de nove detentos. Segundo informações apuradas por esta coluna, o episódio teve início quando um preso recém-chegado ateou fogo em um colchão, provocando um incêndio que rapidamente se alastrou.
Equipes do Corpo de Bombeiros e do Samu foram acionadas para o resgate. Além das mortes, quatro policiais penais foram hospitalizados por inalação de fumaça, e ao menos 20 detentos precisaram ser encaminhados a unidades de saúde. A situação é agravada pela superlotação. A penitenciária de Marília abriga atualmente 1.080 presos, apesar de ter capacidade para 622 — um excesso de 73% acima da lotação projetada e 35% acima do limite definido pelo Conselho Nacional de Polícia Penal (CNPP).
Em Hortolândia, o motim ocorreu após policiais penais identificarem a produção de “Maria Louca”, bebida alcoólica improvisada pelos presos. Ao tentar recolher o material, houve reação dos detentos, que incendiaram colchões e roupas. O tumulto exigiu reforço interno para conter a rebelião. Outra ocorrência grave foi registrada na quarta-feira (26) na penitenciária de Getulina, também no interior paulista. O diretor de disciplina da unidade foi agredido com um computador por um sentenciado que já apresentava comportamento violento no pavilhão.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Policiais Penais, Fábio Jabá, os episódios refletem um ambiente de tensão crescente nas prisões paulistas. Ele afirma que a maioria das 182 unidades prisionais do estado opera com menos da metade do efetivo recomendado pelo CNPP — que estabelece proporção de um policial penal para cada cinco presos. Em algumas unidades, o efetivo não chega sequer a um quarto do ideal.
Jabá ressalta que o déficit funcional, aliado à superlotação e à falta de condições adequadas de trabalho, transforma a rotina dos servidores em “um verdadeiro desafio diário”. O dirigente sindical também critica o governo estadual, afirmando que, embora tenha prometido priorizar a segurança pública, não tem atendido as demandas por reajustes salariais e melhorias estruturais para a categoria.
Os recentes episódios reacendem o debate sobre a capacidade do sistema prisional paulista de garantir segurança, dignidade e condições adequadas tanto para presos quanto para os profissionais que atuam nas unidades. A crise, segundo os policiais penais, está longe de ser pontual e tende a se agravar caso medidas estruturais não sejam adotadas. A SAP (Secretaria de Administração Penitenciária) foi procurada para comentar os casos, mas ainda não houve resposta. O espaço segue aberto para atualização.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

