Operação RJ
Investigações apontam que a facção utilizava uma escola da comunidade Vila Kennedy como esconderijo de drogas. (Foto: Tânia Rego/Agência Brasil)

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Duas pessoas morreram e 16 foram presas durante uma nova fase da Operação Contenção desde a madrugada desta quarta (19), no Rio de Janeiro. A ação integrada das polícias fluminenses foi realizada na Vila Kennedy, na Zona Oeste da capital, para conter o avanço do Comando Vermelho.

Segundo as investigações, a Vila Kennedy é usada por traficantes da facção como base para avançar sobre áreas dominadas pelo Terceiro Comando Puro (TCP) e pela milícia, ampliando os conflitos na Zona Oeste.

“Estamos atuando de forma integrada para enfraquecer a estrutura desta organização criminosa que insiste em desafiar o Estado, e que está diretamente envolvida em práticas criminosas que não só atingem o cidadão de bem, como também ameaçam a vida dos agentes de segurança de todo o RJ”, disse o coronel Marcelo de Menezes Nogueira, secretário estadual de Polícia Militar.

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A operação desta manhã resultou também em dois feridos após uma perseguição que terminou em intensa troca de tiros na região de Realengo, quando um grupo de criminosos tentou fugir e foi alcançado por agentes do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE). Dentro do carro, os agentes apreenderam dois fuzis, uma pistola e granadas, reforçando a escalada de poder bélico das facções na cidade.

Na própria Vila Kennedy, os policiais localizaram uma grande quantidade de maconha, cocaína e crack escondida dentro de uma sala da Escola Municipal Joaquim Edson de Camargo. A unidade estava fechada no momento da apreensão e, segundo as investigações, era usada como esconderijo para traficantes.

A Secretaria Municipal de Educação ainda não se pronunciou sobre a acusação.

Ao menos 16 unidades de ensino da região suspenderam as atividades devido à ação desta manhã, e 32 linhas de ônibus tiveram os itinerários desviados preventivamente.

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Líder de barricadas do CV

Na véspera, outra fase da Operação Contenção levou à prisão o homem apontado como o “mentor das barricadas” do Comando Vermelho. O investigado financiava a montagem das barreiras e era responsável por abastecer o tráfico com materiais de construção para as estruturas.

As apurações revelam que o grupo atuava ainda na lavagem de dinheiro por meio de ferros-velhos clandestinos e no comércio de metais furtados. O esquema, segundo os agentes, fortalecia o controle territorial da facção na Zona Norte, Baixada Fluminense e região metropolitana da capital.

Além dele, outras 20 pessoas foram presas, R$ 217 milhões da facção foram bloqueados e R$ 218 mil em espécie foram apreendidos na residência do criminoso. A ação teve, ainda, buscas em São Paulo e Minas Gerais.

“Essa fase da Operação Contenção representa um golpe direto na espinha estrutural e econômica do Comando Vermelho. Conseguimos identificar e prender as principais lideranças das quadrilhas que forneciam materiais para construção de barricadas, exploravam ferros-velhos e lavavam dinheiro para a facção criminosa”, afirmou o delegado Felipe Curi, secretário de Polícia Civil do estado do Rio de Janeiro.

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As investigações apontam que parte expressiva dos recursos para erguer e manter barricadas vinha da receptação de cobre e outros metais roubados. Ferros-velhos ligados ao tráfico funcionavam como base de apoio operacional, fornecendo insumos, ocultando patrimônio e financiando a vigilância armada nos pontos de venda de drogas.

“Esse trabalho começou em fiscalizações da DRF em ferros velhos e pontos de receptação. Com essas ações, conseguimos perceber que há um esquema muito grande por trás desses locais e há um interesse de ambos os lados. Esses receptadores realizam esse trabalho criminoso de fornecer materiais para o tráfico, enquanto os narcoterroristas permitem a ação deles nas áreas dominadas pela facção criminosa”, pontuou o delegado Jefferson Ferreira do Nascimento, titular da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF).

A DRF identificou movimentação financeira superior a R$ 200 milhões, valor considerado incompatível com a atividade declarada pelos investigados. Entre os bens vinculados ao grupo, surgiram imóveis de alto padrão no Recreio dos Bandeirantes e veículos de luxo usados para blindagem patrimonial.

A operação também interditou oito ferros-velhos centrais no escoamento de cobre furtado e determinou o afastamento imediato de sócios e responsáveis legais.