
Ouça este conteúdo
A Santa Casa de Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais do Paraná, acaba de dar um salto tecnológico no combate ao câncer. O hospital adquiriu um acelerador linear de última geração — o primeiro modelo desse tipo em toda a América do Sul. O equipamento, usado em tratamentos radioterápicos de alta precisão, exigiu a construção de um bunker nuclear para garantir segurança e isolamento da radiação durante o uso.
As paredes do bunker nuclear têm 2,20 metros de espessura. A equipe responsável pela obra utilizou quase 800 metros cúbicos de concreto, transportados em mais de 95 viagens de caminhão. “O concreto passa por um controle rigoroso. Precisa ser denso, com uma densidade mínima que garanta que a radiação bata na parede e permaneça dentro da sala, sem sair”, complementa Julia Senger Marin, uma das engenheiras civis responsáveis pela obra.
Além disso, durante a concretagem, os operários adicionaram cerca de 30 toneladas de gelo à mistura para evitar retrações causadas pelo calor. “A gente usa o gelo para reduzir a temperatura do concreto e evitar a retração do material, ou seja, a diminuição do volume causada pela perda de umidade”, explica Luani Cristine Basso Faversani, engenheira da equipe.
O equipamento, avaliado em R$ 12 milhões, traz inteligência artificial (IA) integrada. Ele emite doses de radiação diretamente sobre o tumor, preservando tecidos saudáveis ao redor. Segundo o hospital, o sistema ajusta automaticamente a intensidade e a direção dos feixes. Isso aumenta a precisão do tratamento e reduz os efeitos colaterais.
VEJA TAMBÉM:
Equipamento instalado em bunker nuclear vai dobrar atendimento em Ponta Grossa
O bunker e o novo acelerador linear ampliam o atendimento oncológico regional. Com essa expansão, o número de consultas mensais deve dobrar, chegando a mais de 7,2 mil atendimentos e 2,1 mil procedimentos para pacientes de 28 cidades no entorno de Ponta Grossa.
A estrutura faz parte do projeto que cria o Centro de Radioterapia da Santa Casa, instalado no terreno do antigo Hospital Evangélico, fechado desde 2016. O investimento total ultrapassa R$ 20 milhões e reúne recursos da Itaipu Binacional, do governo do Paraná e de emendas parlamentares.
São cerca de R$ 12 milhões para o aparelho e de R$ 8 milhões para a obra. O hospital está ampliando também o ambulatório oncológico, com investimento de R$ 9,7 milhões em uma área de quase 2.500 m², incluindo 42 leitos para quimioterapia e 14 consultórios de atendimento.

Radioterapia considerada inédita na América do Sul atinge apenas as células doentes
A equipe iniciou as obras em abril e planeja concluí-las até março de 2026. A direção assinou o contrato de compra do equipamento, modelo VersaHD, em outubro e obteve autorização da Comissão Nacional de Energia Nuclear.
Segundo a Sociedade Brasileira de Radioterapia, o aparelho conhecido como “Linac” atua na radioterapia durante o tratamento do câncer. Ele gera feixes de radiação que atingem diretamente a área afetada pela doença e, assim, destrói as células cancerígenas enquanto reduz os danos aos tecidos saudáveis ao redor.
VEJA TAMBÉM:



