O ex-presidente peruano Martín Vizcarra chega a tribunal em Lima nesta quarta-feira (26) (Foto: John Reyes Mejia/EFE)

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O ex-presidente peruano Martín Vizcarra (2018-2020) foi condenado nesta quarta-feira (26) a 14 anos de prisão pelo crime de suborno passivo, após a Justiça do país considerar que ele recebeu mais de 2,3 milhões de sóis (cerca de US$ 700 mil) quando era governador da região sulista de Moquegua (2011-2014), antes de se tornar presidente.

A presidente do Quarto Tribunal Penal Colegiado Nacional, Fernanda Ayasta, declarou provado que Vizcarra propôs e recebeu propina de 1 milhão de sóis da empresa Obrainsa pela concessão do projeto agrícola Lomas de Ilo em 2013.

Além disso, Vizcarra também recebeu em dinheiro mais de 1,3 milhão de sóis da empresa ICCGSA para um contrato de melhorias no Hospital de Moquegua, de acordo com as declarações das testemunhas convocadas pelo Ministério Público e cujos depoimentos, segundo o tribunal, foram considerados válidos.

A juíza destacou que Vizcarra cometeu “atos ilícitos” aproveitando-se de seu cargo de governador regional, ao conceder os contratos “em troca de dinheiro”.

Vizcarra é o terceiro ex-presidente do Peru condenado por corrupção em pouco mais de um ano. Em setembro, o ex-mandatário Alejandro Toledo (2001-2006) foi condenado a 13 anos e 4 meses de prisão pelo crime de lavagem de dinheiro no chamado caso Ecoteva, envolvendo as empresas brasileiras Odebrecht e Camargo Correa.

Ele já havia sido condenado em outubro do ano passado a 20 anos e seis meses de prisão pelos crimes de conluio agravado e lavagem de dinheiro em um caso também envolvendo a Odebrecht.

Em abril deste ano, o Terceiro Juizado Colegiado da Corte Superior Nacional do Peru condenou o ex-presidente Ollanta Humala (2011-2016) e sua esposa, Nadine Heredia, a 15 anos de prisão, por lavagem de dinheiro qualificada por financiamento ilegal, por parte do ex-ditador venezuelano Hugo Chávez e da Odebrecht, para campanhas eleitorais de Humala em 2006 e 2011.

Após o anúncio da sentença, Heredia se refugiou e solicitou asilo na Embaixada do Brasil em Lima, pedido que foi aceito pelo governo Lula. Ela chegou a Brasília em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) poucos dias depois de ser condenada.

Humala cumpre sentença no presídio de Barbadillo, onde Toledo está detido, assim como Pedro Castillo, ex-presidente peruano destituído e preso no final de 2022 após tentar um golpe de Estado e que aguarda julgamento.

O ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000), que morreu em setembro de 2024 depois de ter sido colocado em liberdade em dezembro de 2023, também esteve detido na unidade após condenações por violações de direitos humanos e corrupção.

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