Espada de Dom Pedro II está exposta no Museu Histórico Municipal Gilberto Gerlach, em São José (SC).
Espada de Dom Pedro II está exposta no Museu Histórico Municipal Gilberto Gerlach, em São José (SC). (Foto: Prefeitura de São José/Divulgação)

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O Brasil celebra nesta terça-feira (2) os 200 anos do nascimento do imperador Dom Pedro II com diversas homenagens no país, que relembram o legado do monarca que nasceu no Paço de São Cristóvão, na cidade do Rio de Janeiro, em 2 de dezembro de 1825.

A data traz de volta inúmeras histórias de Dom Pedro II durante as viagens pelo Brasil imperial, entre elas a entrega de uma relíquia como presente na primeira passagem por Santa Catarina. Em 1845, o jovem imperador visitou o estado, aos 19 anos, logo após o fim da Guerra dos Farrapos, que teve o estopim no Rio Grande do Sul e durou cerca de 10 anos. Assim, a viagem tinha o objetivo de aproximar o Império das províncias do Sul e o destino da comitiva real, que saiu da então capital Rio de Janeiro, foi a cidade de São José, na região metropolitana de Florianópolis.

Dom Pedro II foi recebido em um sobrado localizado no centro histórico do município, onde hoje funciona o Museu Histórico Municipal Gilberto Gerlach. No local, ocorreu a cerimônia de beija-mão com autoridades locais e o imperador presenteou o coronel Luiz Ferreira do Nascimento Mello com uma espada.

De acordo com a prefeitura, que administra o museu, a espada permanece preservada no acervo e disponível para visitação de forma gratuita. O museu fica aberto de segunda a sexta, das 8h às 17h.

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Como o antigo sobrado virou guardião da memória de Dom Pedro II

O sobrado onde ocorreu a recepção foi construído entre o final do século XVIII e o início do XIX, com arquitetura colonial luso-brasileira. No piso inferior funcionava o comércio da família Mello e no superior ficava a residência.

O prédio foi tombado como patrimônio estadual em 1980. Em 1984, o imóvel passou por restauração e quatro anos depois, os responsáveis abriram o espaço ao público como museu. Desde então, o casarão histórico reúne documentos, objetos e peças relacionadas à formação do município de São José.

O museu possui mais de 3 mil itens no acervo, incluindo porcelanas, armas, mobiliário, instrumentos musicais e objetos religiosos, que resgatam o desenvolvimento regional durante 250 anos.

O historiador Gabriel Medeiros Souza é responsável por contextualizar a história municipal com os principais marcos históricos do país, como o descobrimento do Brasil, a Independência e a Proclamação da República. Para ele, o local é um ponto de encontro de gerações e de aprendizado para os visitantes. “As crianças ficam encantadas com as histórias e os objetos. É bonito ver o interesse nascer ali, no contato com o passado”, afirma.

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Como o museu recuperou a carta de Dom Pedro II escrita em 1845

Entre os documentos do acervo também está a carta de Dom Pedro II, datada de 1845, na qual o imperador promoveu o militar José Maria D’Almeida Gama Lobo D’Eça de capitão a major do Exército Imperial Brasileiro. O documento contém também as assinaturas de dois barões e de outra pessoa não identificada.

A equipe formada pela historiadora Luciane Dutra e pelo estagiário João Auerbach Neto levou três dias para transcrever o texto, em junho de 2023. O processo exigiu atenção devido ao tamanho do documento — maior que o formato A3 — e às partes dobradas do papel. A tinta e o estilo da caligrafia tornaram a leitura complexa.

A assinatura de Dom Pedro II traz “cinco pingos” que representam o Cruzeiro do Sul. Documentos da época também mostram que os açorianos não alfabetizados usavam frequentemente a cruz como assinatura.

O museu recebeu o nome de Gilberto Gerlach em 2021, após sanção do prefeito Orvino Coelho de Ávila, em homenagem ao historiador, engenheiro civil e cinéfilo, dedicado à preservação da memória do município.

O espaço está localizado na rua Gaspar Neves, no Centro Histórico de São José. O museu mantém atividades educativas e preserva objetos e documentos que registram diferentes períodos da história local.

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