Sonho americano: última seletiva para jogar e estudar nos EUA movimenta SP no sábado
Os aprovados de sábado seguirão para a etapa final do processo: três dias de imersão em Xerém, no CT Vale das Laranjeiras, a famosa fábrica de talentos do Fluminense
Enquanto parte da nova geração sonha em virar streamer ou influencer, outra segue firme no velho e bom sonho brasileiro: o futebol. Mas, desta vez, com um destino diferente. Não é Europa, não é profissional, é universidade nos Estados Unidos. E neste sábado (22), em São Paulo, esse sonho ganha sua última chamada.
Dezenas de jovens — alguns com chuteira nova, outros com parente emocionado segurando celular para gravar tudo — vão disputar uma vaga no 2SV College Showcase, o maior evento de recrutamento de talentos rumo ao futebol universitário americano. Para muitos, é a única chance de transformar o esporte em educação, e a educação em futuro.
E não é exagero dizer que o clima deve ser de decisão. Vale bolsa. Vale carreira. Vale a vida que os números do Brasil nem sempre permitem.
Do sonho ao campo: o caminho até Xerém
Os aprovados de sábado seguirão para a etapa final do processo: três dias de imersão em Xerém, no CT Vale das Laranjeiras, a famosa fábrica de talentos do Fluminense. Um terreno sagrado para quem respira futebol. Só esse cenário já diz muito sobre a força que o movimento ganhou.
A escolha de Xerém tem história. Em junho, durante a Copa do Mundo de Clubes FIFA 2025, o CEO da 2SV, Ricardo Silveira – que não é apenas executivo, mas figura conhecida nos bastidores – atuou como representante da FIFA acompanhando o Fluminense na Carolina do Sul. Ali, entre reuniões, treinos e cafés improvisados, nasceu uma parceria inédita.
Silveira mostrou ao clube a estrutura das universidades americanas, o modelo de formação que une sala de aula e gramado e, principalmente, uma rota paralela para jovens que talvez não encontrem espaço no funil cruel do futebol profissional brasileiro.
“O que muita gente não entende”, me disse o CEO, “é que existe vida e carreira para além do profissional. O jovem não precisa ser dispensado. Ele pode mudar de rota e continuar jogando em alto nível”.
Conversando com ele, dá pra ver que essa ponte entre Brasil e EUA se tornou missão pessoal.
Como será o Showcase?
De 20 a 30 treinadores americanos – sim, vindos do país inteiro – estarão lado a lado com a comissão técnica brasileira. Em três dias, os atletas vivem uma rotina de jogador profissional:
- testes físicos,
- avaliações técnicas,
- jogos completos transmitidos ao vivo,
- feedback individual,
- alojamento, alimentação e rotina monitorada.
É praticamente um Combine universitário em solo brasileiro.
E, dependendo do desempenho, o prêmio pode ser gigante: bolsas de até 100% em escolas e universidades nos EUA, onde o atleta treina, estuda e, muitas vezes, ganha mais estrutura do que teria na base de um clube médio brasileiro.
O dado que fala mais alto
No Showcase de 2024, realizado em Porto Feliz, o resultado surpreendeu até quem já está acostumado com esse mercado: 76 garotos avaliados, 80% despertaram interesse, 37 receberam propostas de bolsa integral.
É mais oportunidade do que muitas peneiras oficiais de clubes oferecem.
E não estamos falando de sonho distante: são jovens que hoje disputam campeonatos universitários nos EUA, estudam engenharia, administração, fisioterapia, e ainda jogam bola com estádio cheio no fim de semana.
A nova fronteira do futebol brasileiro
O movimento ainda é visto com curiosidade por muitos dirigentes brasileiros, que ainda enxergam o futebol universitário americano como algo “alternativo”. Mas a verdade é que cresce em ritmo acelerado, e a parceria com o Fluminense só reforça isso.
Com clubes rivalizando centros de treinamento de clubes da MLS, bolsas milionárias e visibilidade internacional, os EUA viraram destino real – não apenas para Neymar fazer festa no verão, mas para garotos construírem carreiras.
E o sábado, será mais um capítulo disso.
Se você passar por lá, vai ver:
Tem menino com brilho no olhar.
Tem pai nervoso fingindo que não está.
Tem mãe rezando baixinho.
E tem toda a energia de um país que ainda encontra no futebol sua grande avenida de esperança.
Sábado é dia de decisão.
E, para muitos, pode ser o primeiro passo para cruzar o oceano com chuteira nos pés e diploma no horizonte.
Esse é o tipo de história que vale acompanhar.