Tarcísio e Derrite divergem sobre quem vai assumir a Segurança Pública de SP em meio a cálculo eleitoral

Com perfil técnico e discreto, Marcello Streifinger atual chefe da Secretaria de Administração Penitenciária ganha força para substituir Guilherme Derrite, que deve deixar o cargo em dezembro

  • Por David de Tarso
  • 25/11/2025 08h57 - Atualizado em 25/11/2025 08h57
Francisco Cepeda/Governo do Estado de SP Tarcísio com polícia de SP Nos corredores do governo, também não está descartado que Derrite possa ser lançado ao governo do Estado, caso Tarcísio entre na disputa presidencial

Marcello Streifinger é, hoje, o nome mais cotado para assumir a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP). A indicação parte diretamente do governador Tarcísio de Freitas, que já prepara a troca no comando da pasta após a saída prevista do atual secretário, Guilherme Derrite, em dezembro, conforme apurou esta coluna.

Nos bastidores, contudo, o movimento não é unânime. Guilherme Derrite gostaria de ver seu número dois, Oswaldo Nico Gonçalves, para assumir a cadeira. Nico, figura conhecida e com forte atuação operacional, ganhou projeção em episódios de grande repercussão e mantém bom trânsito dentro das forças policiais. Ainda assim, a avaliação no Palácio dos Bandeirantes é de que o Coronel Streifinger oferece um perfil considerado mais adequado ao momento político.

Atualmente à frente da Secretaria de Administração Penitenciária, cargo que ocupa desde o início da gestão Tarcísio, em 2023, Streifinger — policial militar da reserva — é visto como ponderado, de linha humanista e defensor de políticas de ressocialização de presos, destoando da abordagem de Guilherme Derrite.

Entre seus principais feitos, está a legalização da Polícia Penal, por meio da aprovação da lei orgânica da categoria. Hoje, ele administra o maior sistema penitenciário estadual do país: mais de 170 unidades prisionais e cerca de 213 mil presos.

Em 2023, Streifinger chegou a ser investigado sob suspeita de abuso de autoridade, após determinar a apreensão de armas de cinco agentes penitenciários — todos com registro válido na Polícia Federal. O episódio gerou reação de policiais penais e sindicatos. O secretário, porém, justificou que não poderia agir de forma diferente, sob risco de incorrer em prevaricação.

O currículo de Streifinger inclui passagens como chefe do Centro de Operações da PM (COPOM), comandante de batalhão do Choque, oficial da Polícia Judiciária Militar, juiz militar em conselhos de justiça e docente em instituições como a Academia do Barro Branco e a Escola Paulista de Direito. Discreto, concede poucas entrevistas, raramente aparece em fotos e mantém distância de holofotes — justamente o perfil valorizado por Tarcísio para um ano pré-eleitoral em que a segurança pública tende a dominar o debate. O governador avalia que Streifinger, em caso de crises ou episódios de grande repercussão negativa, adota postura pacificadora, técnica e estratégica, reduzindo desgastes.

Já Guilherme Derrite, que deve deixar a SSP para se dedicar às articulações de sua possível candidatura ao Senado, tenta consolidar um legado marcado pela redução de indicadores criminais e pela aprovação, na Câmara dos Deputados, da Lei Anticrime, da qual foi relator. A intenção, segundo interlocutores, é sair “por cima” e evitar exposição a potenciais polêmicas envolvendo ações policiais — desde casos de letalidade até episódios como o do estudante de medicina morto em abordagem policial.

Nos corredores do governo, também não está descartado que Derrite possa ser lançado ao governo do Estado, caso Tarcísio entre na disputa presidencial.

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Enquanto as articulações seguem intensas, o nome de Marcello Streifinger avança como o mais provável para assumir a Segurança Pública — e simboliza, ao mesmo tempo, continuidade institucional e uma tentativa do governo de reduzir riscos políticos num dos temas mais sensíveis do próximo ano.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.