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O vazamento da transcrição de uma ligação entre o enviado especial de Trump Steve Witkoff e o principal assessor de política externa do regime de Vladimir Putin, Yuri Ushakov, está gerando agitação em Washington nesta quarta-feira (26), inclusive com pedidos de renúncia por parte de congressistas republicanos.
No entanto, para o presidente Donald Trump, as informações não são motivo de escândalo. "Ele precisa convencer a Ucrânia disso, e precisa convencer a Ucrânia da Rússia. É isso que um negociador faz", disse o líder da Casa Branca, acrescentando que se tratava de uma negociação padrão.
Detalhes de um telefonema entre Witkoff e Ushakov foram divulgados pela Bloomberg, no qual os dois discutem nos bastidores o plano de paz de 28 pontos apresentado pela Casa Branca para encerrar a guerra na Ucrânia.
Na transcrição, o enviado de Trump aconselha o assessor de Putin a incentivar seu chefe - no caso, o ditador Putin - a parabenizar Trump pelo cessar-fogo entre Israel e o Hamas quando os dois líderes conversassem. Isso chegou a acontecer dois dias depois.
Ainda, Witkoff teria incentivado Ushakov a conseguir uma ligação entre Trump e Putin antes do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, se encontrar com o americano na Casa Branca. O contato aconteceu um dia antes de Zelensky encontrar Trump nos Estados Unidos, ocasião na qual o líder da Casa Branca insistiu com a Ucrânia para ceder territórios a Moscou.
Segundo o vazamento de informações pela Bloomberg, Witkoff também teria mencionado uma proposta de paz de 20 pontos, semelhante ao que ofereceu para encerrar o conflito em Gaza. Essa iniciativa acabou resultando em uma proposta de paz de 28 pontos, que incluía inúmeras condições defendidas pela Rússia.
Dias depois, a Europa apresentou uma contraproposta alterando alguns pontos centrais elaborados pelos americanos, visto que o plano foi considerado pró-Rússia.
Deputados republicanos que apoiam a defesa da Ucrânia criticaram as conversas organizadas pelo enviado de Trump, considerando-as favoráveis ao regime de Putin.
“Para aqueles que se opõem à invasão russa e querem ver a Ucrânia prevalecer como um país soberano e democrático, é claro que Witkoff favorece totalmente os russos. Não se pode confiar nele para liderar essas negociações. Um agente pago pelos russos faria menos do que ele?", disse o deputado Don Bacon, que chegou a pedir a demissão de Witkoff.
Já o deputado Brian Fitzpatrick classificou as conversas como "um grande problema", defendendo o fim das reuniões secretas entre o governo americano e a Rússia.