Em junho de 2026, o Brasil terá acesso a um clássico mundial sobre o controverso papel de Stalin na Segunda Guerra Mundial: a obra “Stalin’s Wars”. (Foto: Divulgação/Editora Caravelas)

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Em junho de 2026, o Brasil terá acesso a um clássico mundial sobre o controverso papel de Stalin na Segunda Guerra Mundial: a obra “Stalin’s Wars” do professor Geoffrey Roberts será traduzida e publicada no Brasil pela primeira vez com o título “As Guerras de Stalin”.

Essa grande tarefa ficará a cargo da editora Caravelas, que também traduziu e publicou este ano um outro super clássico sobre a era de Stalin: “Os Anos da Fome” dos professores R.W. Davies e Stephen Wheatcroft, no qual tive o prazer de escrever o prefácio. A editora Caravelas tem se empenhado ativamente em trazer as obras acadêmicas mais fundamentais para que o público brasileiro possa compreender objetivamente esse período tão sombrio e complexo do século XX, pelas ações de uma de suas figuras mais desumanas e politicamente habilidosas de seu tempo: Josef Stalin.

Em “As Guerras de Stalin” o professor Roberts nos traz uma análise inovadora sobre esta dicotomia em Stalin: ao mesmo tempo em que o professor expõe explicitamente a desumanidade do ditador, e como seu “terrorismo de Estado” influenciou regimes comunistas durante e após a segunda grande guerra mundial, ele nos mostra um Stalin que temia a guerra, fazendo tudo ao seu alcance para não provocar ou irritar os alemães, e principalmente, Adolf Hitler.

Ao contrário do que stalinistas ainda costumam justificar, o infame “Pacto de não-agressão” com a Alemanha assinado em 23 de agosto de 1939 não foi pensado para ser quebrado por Stalin: o ditador não estava usando este pacto para ganhar tempo e se preparar para fazer um ataque preventivo à Alemanha para destruir o nazismo. O professor Roberts nos mostra convincentemente que as evidências provam que é bem ao contrário disso: depois de muitos anos de pesquisa e de ter acesso a documentos secretos inéditos com a abertura dos arquivos soviéticos, o professor diz que Stalin buscava ativamente paz e cooperação de longo prazo com Hitler e os nazistas. Portanto, não há evidência sólida de que Stalin estivesse se preparando para uma guerra ofensiva contra Hitler. O professor nos mostra que Stalin e os comunistas tinham muito a perder com uma grande guerra, e por isso não faz sentido atribuir a Stalin qualquer plano ofensivo para iniciar uma guerra.

Porém, o que vai ficando cada vez mais claro para Stalin, principalmente a partir do verão de 1940, é que as ações de Hitler estão cada vez menos pacíficas em relação a União Soviética. A partir desse momento, Stalin começa a intensificar seus preparativos para se defender de um ataque: ele não sabia quando, mas ele sabia que em algum momento Hitler quebraria o pacto; só lhe restava se preparar e esperar.

Outra análise inovadora e "revisionista" (no bom sentido da palavra aqui), é que o professor nos apresenta um Stalin como um grande “senhor de guerra”; na verdade, o maior senhor da Segunda Guerra Mundial. Essa análise do professor é controversa, porém o papel de Stalin na Segunda Guerra Mundial é sempre um assunto controverso em sua natureza: alguns dizem que Stalin foi um líder covarde que se escondeu nos primeiros dias da guerra; outros dizem que ele teria caido em depressão profunda após a traição de Hitler; já outros dizem que os soviéticos ganharam a guerra não por causa de Stalin, mas apesar dele. Nesse debate, o professor Roberts acrescenta sua análise com coerência e autoridade: Stálin foi o “generalíssimo” da Segunda Guerra. Ele não queria uma guerra, mas uma vez que os nazistas atacaram, Stalin só pararia com a completa destruição deles, nem que o seu próprio povo tivesse que ser destruído no processo. O professor nos conta que Stalin não teve remorso algum em ver milhões e milhões de russos morrendo na guerra, mas esse descaso pela vida humana é que fez de Stalin e seu sistema os únicos capazes de derrotar Hitler e o nazismo, ajudando a salvar a própria democracia Ocidental. Em outras palavras, só quem pode derrotar um monstro, é um outro monstro... E a Segunda Guerra Mundial foi a maior prova disso!

Esse são apenas alguns brevíssimos destaques do que o público brasileiro pode esperar com essa tradução de “As Guerras de Stalin”: um livro denso, repleto de fontes primárias e estudos especializados de alto nível que vai mergulhar o leitor na mente e nas ações de Stalin na guerra mais mortal da história humana.

A tradução está prevista para ser lançada em junho de 2026 e com muitos eventos de lançamento. O leitor interessado já pode se inscrever gratuitamente na lista de espera no site da editora Caravelas, e como brinde, vai receber por e-mail o capítulo 1 e o prefácio do livro os “Anos da Fome”.