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Uma vítima do bilionário Jeffrey Epstein afirma que pelo menos 50 brasileiras — muitas delas menores de idade — passaram pela mansão do financista americano, onde foram abusadas.
O relato, publicado nesta quarta-feira (24) pela BBC News Brasil, é da mineira Marina Lacerda, que desde setembro tem vindo a público denunciar os crimes cometidos por Epstein. A revelação do envolvimento de brasileiras no caso ganha força após o Departamento de Justiça dos Estados Unidos divulgar um documento que menciona um “grande grupo brasileiro”, embora nomes e outros detalhes sejam mantidos sob sigilo.
Segundo a reportagem da BBC, Marina morava no bairro de Astoria, no distrito de Queens, em Nova York — uma região conhecida pela grande comunidade brasileira. Ela conta que chegou aos EUA aos 8 anos, com a mãe, e precisou trabalhar desde cedo para se sustentar como imigrante ilegal.
Aos 14 anos, a brasileira recebeu uma proposta de uma amiga: fazer massagens para “um homem rico e poderoso”, que pagava US$ 300 por cerca de 40 minutos de trabalho. Os abusos, diz Marina, começaram já na primeira visita a Epstein e se estenderam até seus 17 anos.
Com o tempo, ela passou a recrutar outras jovens, principalmente brasileiras. “Brasileiro chega aqui e não tem documentos. Não tem como dar um jeito na vida. É muito difícil ser imigrante aqui, ainda mais brasileira quando vem sozinha", afirmou à BBC.
Marina Lacerda foi procurada pelo FBI em 2008, mas teve medo de falar na época. Somente em 2019 decidiu contar sua história em detalhes aos investigadores. Epstein morreu em uma cela de prisão em Nova York em agosto daquele ano, enquanto aguardava julgamento por acusações de tráfico sexual.

