Cardeal visita Gaza e ressalta esperança de palestinos

Pierbattista Pizzaballa, Patriarca Latino de Jerusalém, afirmou que, apesar da destruição provocada por anos de guerra, a população local mantém o desejo de reconstruir a própria vida

  • 24/12/2025 13h28
AAFAR ASHTIYEH / AFP Moradores do campo de refugiados de Nur Shams, perto de Tulkarem, na Cisjordânia ocupada por Israel, e ativistas estrangeiros de solidariedade se reúnem na entrada do campo durante um protesto exigindo o direito de retornar às suas casas, em 23 de novembro de 2025. Os confrontos no território entre palestinos e o exército israelense ou colonos aumentam após o início da guerra em Gaza, que foi desencadeada pelo ataque do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023. Os militares de Israel lançaram sua operação "Muro de Ferro" no norte da Cisjordânia em janeiro, dizendo que ela visava reprimir vários campos que são redutos de grupos armados palestinos que lutam contra Israel. Moradores do campo de refugiados de Nur Shams, perto de Tulkarem, na Cisjordânia ocupada por Israel, e ativistas estrangeiros de solidariedade se reúnem na entrada do campo durante um protesto exigindo o direito de retornar às suas casas, em 23 de novembro de 2025. Os confrontos no território entre palestinos e o exército israelense ou colonos aumentam após o início da guerra em Gaza, que foi desencadeada pelo ataque do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023. Os militares de Israel lançaram sua operação "Muro de Ferro" no norte da Cisjordânia em janeiro, dizendo que ela visava reprimir vários campos que são redutos de grupos armados palestinos que lutam contra Israel.

Ao final de uma visita de três dias à Faixa de Gaza, o cardeal Pierbattista Pizzaballa, Patriarca Latino de Jerusalém, afirmou que, apesar da destruição provocada por anos de guerra, a população local mantém o desejo de reconstruir a própria vida. O patriarca é a principal autoridade que representa a Igreja Católica em Israel, Palestina, Jordânia e Chipre.

Em entrevista a veículos de mídia do Vaticano nesta terça-feira (23), o religioso relatou ter encontrado uma sociedade extenuada, marcada pela pobreza extrema e pela falta de infraestrutura básica, mas ainda movida por sinais de esperança.

Segundo Pizzaballa, os problemas estruturais seguem evidentes. Casas, escolas e hospitais precisam ser reconstruídos, enquanto grande parte da população vive cercada por esgoto e lixo.

Ainda assim, o cardeal destacou ter percebido, durante encontros com homens, mulheres e crianças, uma forte vontade de retomar a normalidade e de reconstruir o futuro.

Durante a visita, iniciada em 19 de dezembro, o patriarca também presenciou momentos de alegria, especialmente entre as crianças. Ele recordou a serenidade encontrada nos olhares dos pequenos durante a encenação de um presépio vivo, que emocionou os presentes.

De acordo com o cardeal, o Natal em Gaza é celebrado sem grandes festividades, com exceção da liturgia, mas é marcado por um sentimento genuíno de alegria.

Pizzaballa ressaltou ainda que, apesar das dificuldades, os moradores de Gaza não se sentem abandonados pelo mundo. Para ele, é importante diferenciar a atuação da comunidade política da presença da sociedade civil, que, segundo afirmou, esteve ao lado da população.

Ao falar sobre a paz, o cardeal destacou que se trata de um conceito exigente em um território marcado pela guerra. Segundo ele, mais do que discursos, é necessário criar condições reais, sólidas e estáveis para que a paz possa se afirmar.

Em mensagem dirigida aos cristãos, o patriarca afirmou que não se deve fugir da realidade atual. Para ele, Jesus entrou na história em um contexto imperfeito, assim como o vivido hoje em Gaza, e cabe às pessoas assumir esse momento histórico e trabalhar para transformá-lo.

Em coletiva de imprensa realizada em Jerusalém após a visita, Pizzaballa alertou para a gravidade da situação econômica. Embora a escassez de alimentos tenha sido parcialmente superada, poucos moradores têm condições financeiras de comprar comida.

O cardeal disse ter se impressionado com o grande número de crianças vivendo nas ruas e afirmou haver preocupação com o futuro delas.