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O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse, durante uma vigília realizada na noite do sábado (22) em Brasília, que acredita que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) possa ter tentado retirar a tornozeleira eletrônica em um “ato de revolta e indignação”. A declaração foi a veículos de imprensa horas após a prisão preventiva do ex-presidente, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Flávio disse não saber ao certo o que ocorreu. “Como eu não falei com ele, eu não sei o que foi que aconteceu de verdade. Vi pela imprensa ali também, o vídeo. E, pra mim, se eu posso conjecturar, eu acho que foi um momento de explosão, de revolta dele, de indignação”, afirmou.
“Se sentiu humilhado”, acredita senador ao citar tornozeleira
O senador sugeriu que Bolsonaro pode ter se sentido constrangido diante da presença de familiares. “Imagino que ele possa ter ficado envergonhado, se sentindo humilhado, porque, de fato, nunca precisou de uma tornozeleira para impedir a fuga dele”, declarou.
Flávio também criticou a fiscalização imposta ao ex-presidente nos últimos meses. Segundo ele, um aparato “gigante” de vigilância acompanhava Bolsonaro, com monitoramento constante dentro e fora de sua residência. “Câmeras 24 horas por dia, um aparato que nem os bandidos mais perigosos deste país têm”, disse.
Flávio não acredita em tentativa de fuga de Bolsonaro ao tentar violar tornozeleira
O filho mais velho do ex-presidente afirmou não acreditar que o gesto de seu pai tenha sido uma tentativa de fuga. De acordo com ele, Bolsonaro tinha consciência de que qualquer manipulação do dispositivo acionaria imediatamente o sistema de alerta da polícia.
“Ele sabia que, fazendo aquilo, ia acionar o dispositivo em algum lugar que alertava”, disse. O senador relatou que foi informado de que os agentes chegaram ao local em menos de 40 minutos, trocaram a tornozeleira e, depois disso, o ex-presidente “foi dormir”. “Quem quer fugir faz isso e volta pra cama para dormir, para descansar? Então não tem nenhuma lógica”, argumentou.
Flávio também criticou a decisão de Alexandre de Moraes, afirmando que o fundamento da prisão não estaria relacionado ao episódio da tornozeleira. “Tanto é que não tem nenhum fundamento com relação à tornozeleira na decisão”, declarou.
Ele acusou o ministro de aproveitar a vigília — que o senador descreveu como um ato “religioso, ecumênico, voluntário e completamente inofensivo e que de forma alguma atrapalharia a ordem pública” — para criminalizar o movimento. “O que está muito claro para a gente é que ele já queria fazer. Então, ele só antecipou”, disse.
Bolsonaro passa por audiência de custódia neste domingo
Bolsonaro foi preso preventivamente na manhã do sábado (22) após suposto risco de fuga durante a vigília organizada por seus apoiadores na noite anterior, além da tentativa de violação da tornozeleira eletrônica. No documento, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, indica que o ex-presidente poderia buscar abrigo na Embaixada dos Estados Unidos, que fica a aproximadamente 13 quilômetros de seu condomínio em Brasília.
O ex-presidente passará por uma audiência de custódia às 12h deste domingo (23), na Superintendência Regional da Polícia Federal do Distrito Federal. A Justiça condenou o ex-presidente a 27 anos e três meses de prisão por supostamente liderar a organização do alegado plano para se manter no poder após as eleições de 2022, mas a prisão preventiva não marca o início do cumprimento da pena por golpe de Estado.



