Estado Islâmico usa IA, deepfakes e criptomoedas para recrutar e driblar autoridades — uma ameaça que governos ainda não conseguem conter. (Foto: Mohammed Saber/EFE/EPA)

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Segundo um novo relatório, o Estado Islâmico está utilizando inteligência artificial para recrutar novos membros e promover sua ideologia.

O Estado Islâmico não detém uma quantidade significativa de território desde 2019, mas encontrou uma maneira de se reinventar por meio da inteligência artificial, explicou Mohammad Taha Ali em um novo relatório para o Middle East Forum.

“Ao contrário dos movimentos jihadistas anteriores, que dependiam de santuários físicos, o Estado Islâmico agora prospera em santuários virtuais”, escreveu Ali. Ali, um estudante de pós-graduação da Jamia Millia Islamia em Nova Delhi, Índia, especializado em resolução de conflitos e assuntos estratégicos, disse ao The Daily Signal que tomou conhecimento do uso de IA pelo Estado Islâmico no final de 2023 e início de 2024, “quando redes online afiliadas ao ISIS começaram a usar regularmente IA generativa para produzir propaganda multilíngue e material de recrutamento automatizado”.

Hoje, o Estado Islâmico está usando novas ferramentas tecnológicas para criar vídeos deepfake e fabricar notícias que simpatizam com a propaganda islâmica radical. O ISIS, segundo Ali, aproveita-se de situações de crise, como a guerra entre Israel e o Hamas em Gaza, para inundar diversas plataformas digitais com “conteúdo extremista gerado por IA”.

“O objetivo não é apenas o recrutamento; é exaurir as defesas algorítmicas das principais plataformas de mídia social e dominar o discurso online”, escreveu Ali.

Mesmo no âmbito educacional, mulheres leais ao Estado Islâmico em campos de refugiados, como o campo de deslocados de al-Hol, na Síria, estão usando “histórias de martírio produzidas algoritmicamente”, garantindo a continuidade da narrativa do movimento mesmo sem uma liderança formal, explicou ele.

Jogos de vídeo

Os jogos eletrônicos são uma das principais plataformas digitais que o Estado Islâmico utiliza para disseminar sua mensagem e recrutar novos membros para o jihadismo.

Ali se referiu à tendência como “radicalização gamificada”, na qual terroristas visam jogadores, frequentemente em comunidades da diáspora, com ideologia islâmica radical.

“Esses recrutas raramente cruzam uma fronteira, mas se tornam soldados ideológicos no exército virtual do Estado Islâmico”, disse ele. “Essa fusão da cultura dos jogos eletrônicos com a mitologia jihadista representa uma frente totalmente nova na mobilização extremista.”

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Criptomoeda

Segundo Ali, o Estado Islâmico também se aproveitou do surgimento das criptomoedas. Ele explicou que o ISIS usa formas descentralizadas de moeda para burlar a vigilância. As criptomoedas podem ser trocadas anonimamente, permitindo que os financiadores do “califado”, a organização que deu origem ao Estado Islâmico, apoiem combatentes com maior segurança de que suas identidades não serão reveladas.

“Dessa forma, o ‘califado sem fronteiras’ do Estado Islâmico se transforma em um ecossistema financeiro sem identidades”, disse Ali.

O que pode ser feito?

O governo Trump está tomando “parcialmente” as medidas necessárias para combater a ameaça do uso de IA e criptomoedas pelo Estado Islâmico, disse Ali, explicando que “houve progresso na aplicação da lei em relação às criptomoedas, mas os EUA ainda carecem de uma estratégia coerente para rastrear e combater conteúdo extremista gerado por IA e redes sintéticas”.

O novo Estado Islâmico é uma “insurgência em rede, facilitada por inteligência artificial”, disse Ali, e deve ser tratado como tal.

Para combater a ameaça, Ali recomendou que as agências de inteligência trabalhem com empresas de tecnologia para monitorar e detectar a propaganda do Estado Islâmico gerada por inteligência artificial.

Em segundo lugar, os especialistas que investigam transações com criptomoedas precisam de maior apoio por meio do Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI), um órgão intergovernamental criado para combater atividades financeiras ilícitas. Por fim, Ali recomendou que os governos “financiem programas de alfabetização digital e de contra-narrativas liderados pela diáspora, especificamente em comunidades de jogos onde recrutadores extremistas estão atuando”.

De acordo com Ali, derrotar o “Califado da IA” exigirá que os formuladores de políticas “pensem não como soldados ou teólogos, mas como engenheiros”.

©2025 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês: How Terrorists Are Using AI