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O vice-presidente Geraldo Alckmin e o presidente Lula. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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Quando Geraldo Alckmin afirmou, durante a campanha presidencial, que “eles querem voltar à cena do crime”, muitos trataram a frase como exagero eleitoral. Hoje, porém, diante do que o Brasil testemunha diariamente, aquela advertência – feita por alguém que, ironicamente, se tornaria vice-presidente de Lula – soa quase profética. Os fatos mostraram que a velha engrenagem realmente voltou a funcionar, e voltou com força.

A operação da Polícia Federal que desmontou o esquema criminoso no INSS talvez seja o exemplo mais cruel desse retorno. Não estamos falando de superfaturamento em grandes obras, mas de um esquema que roubava aposentados e pensionistas, gente que vive com um salário mínimo e depende de cada centavo para pagar remédios e sobreviver. A corrupção, nesse caso, atingiu o brasileiro mais vulnerável e expôs um método que se repete: aparelhamento, conivência e benefício a grupos politicamente protegidos.

Não estamos diante de incidentes pontuais, mas de um modelo de governança. Um modelo baseado no aparelhamento, no descontrole, na captura política das instituições e na permissividade com práticas que o Brasil já viu e rejeitou no passado

O mesmo padrão aparece em uma das situações mais vergonhosas do momento: os Correios, uma estatal essencial, completamente falida e agora pedindo um empréstimo de R$ 20 bilhões para não fechar as portas. Uma empresa que vinha sendo recuperada foi novamente tomada por indicações políticas, queda brutal de eficiência, disputas internas e suspeitas de irregularidades. A volta do prejuízo crônico mostra que o ciclo de desmandos está, mais uma vez, no comando. É impossível ignorar que o colapso dos Correios é consequência direta do uso partidário da máquina estatal.

Também assistimos a uma sucessão de denúncias envolvendo o Ministério da Cultura, com repasses suspeitos, comitês ideológicos e projetos turbinados sem critério técnico. Nas estatais, prejuízos voltam a se acumular sob Lula. E na COP 30, o governo despejou mais de um bilhão de reais em contratos com a OEI, uma entidade estrangeira cercada de indícios de superfaturamento, falta de transparência e direcionamento. A oposição levou o caso ao TCU e segue cobrando respostas enquanto o evento acumula falhas, desorganização e gastos inexplicáveis.

Para completar o cenário, mais uma operação da Polícia Federal atingiu pessoas próximas ao presidente. A ex-nora de Lula foi alvo de busca e apreensão, e relatos apontam que o próprio filho do presidente estava na casa no momento da operação. Não é um episódio isolado, mas parte de uma longa lista de casos envolvendo familiares e aliados íntimos do presidente em notícias policiais, denúncias, investigações e suspeitas – uma repetição que se arrasta por décadas.

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Quando conectamos todos esses fatos – o escândalo do INSS, os Correios tecnicamente quebrados e buscando R$ 20 bilhões para sobreviver, as irregularidades na COP 30, as denúncias na Cultura, as estatais voltando ao vermelho e os casos envolvendo a família presidencial – fica evidente que não estamos diante de incidentes pontuais, mas de um modelo de governança. Um modelo baseado no aparelhamento, no descontrole, na captura política das instituições e na permissividade com práticas que o Brasil já viu e rejeitou no passado.

A verdade é simples: a frase de Alckmin não era apenas um alerta eleitoral sobre a volta de Lula. Era um diagnóstico antecipado. Eles voltaram à cena do crime – e os escândalos que assistimos todos os dias comprovam isso. Como líder da oposição, seguirei denunciando, cobrando e acionando todos os órgãos de controle para impedir que a máquina pública continue sendo utilizada como ferramenta partidária. O Brasil não pode normalizar essa decadência moral e administrativa. O país merece integridade, seriedade e um governo comprometido com o cidadão, não com interesses políticos.

Luciano Zucco é deputado federal(PL-RS) e líder da Oposição na Câmara.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos