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Último dia do mais recente Festival de Cinema de San Sebastián. Pelo sexto ano consecutivo, foi exibido um filme surpresa para os críticos que resistiram firmes em seus postos após uma semana intensa de exibições. O título escolhido foi Frankenstein, de Guillermo del Toro, que havia recebido aplausos unânimes da crítica durante sua passagem pelo Festival de Veneza. Antes da sessão, o cineasta mexicano quis apresentar o longa com um breve vídeo, no qual advertia que Frankenstein era seu personagem favorito desde a infância, e o principal motivo que o levou a se tornar diretor.
Diante de uma declaração tão imponente, temi o pior. Não seria o primeiro caso de um diretor que arruína seu brinquedo favorito. No entanto, Guillermo del Toro realizou seu melhor filme. Profundo conhecedor do texto original de Mary Shelley e das adaptações sensacionais de James Whale nos anos 1930, o diretor mexicano aparou os excessos visuais e o maniqueísmo dramático de produções anteriores, tão superestimadas quanto O Labirinto do Fauno ou A Forma da Água.
Espetáculo visual em Frankenstein
O espetáculo é deslumbrante do ponto de vista técnico, o que provavelmente renderá várias indicações ao Oscar para a equipe habitual do diretor: o compositor Alexandre Desplat, o diretor de fotografia Dan Laustsen e o designer de arte Brandt Gordon. Mas a chave que dá precisão e profundidade ao relato de Frankenstein está no roteiro, que sabe incorporar elementos inéditos a uma história já tão conhecida.
A universalidade e a atemporalidade da trama se combinam com uma reestruturação do texto original, que enfatiza a ambição científica do doutor e suas consequências degradantes para a natureza humana, efeitos que se estendem, em grande parte, aos demais personagens centrais.

Del Toro não consegue se livrar totalmente de sua fascinação pelo gore de sua fase inicial e deixa algumas cenas de operação desnecessariamente explícitas. Mas, desta vez, compensa amplamente o espectador com um romantismo mais elegante e sutil, e uma ternura mais luminosa na relação entre Frankenstein e sua jovem amada, no estilo de A Bela e a Fera. Jacob Elordi e Mia Goth acabam roubando o protagonismo de Oscar Isaac e Christoph Waltz, que se tornam personagens mais previsíveis em sua cobiça desumanizada.
Mais uma vez, um filme que merecia ser visto na tela grande permaneceu apenas algumas semanas em cartaz em alguns cinemas. Agora já está disponível na Netflix, onde fazia falta uma produção tão ambiciosa e convincente.
© 2025 Aceprensa. Publicado com permissão. Original em espanhol.
- Frankenstein
- 2025
- 149 minutos
- Indicado para maiores de 18 anos
- Disponível na Netflix
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