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A ida às igrejas no Natal voltou a crescer no Reino Unido. Uma nova pesquisa nacional indica que 45% dos britânicos planejam participar de um culto ou evento religioso neste período, percentual superior ao registrado no ano passado, que foi de 40%. O dado sugere um aumento do vínculo entre fé, tradição e vida comunitária em um país marcado, nas últimas décadas, por forte processo de secularização.
O levantamento ouviu 2.017 pessoas com idade maior que 18 anos e foi encomendado pela Tearfund, agência cristã de ajuda humanitária. Além do aumento geral, a pesquisa revela que a igreja tem atraído não apenas cristãos praticantes, mas também pessoas sem filiação religiosa formal, especialmente durante o Natal.
Tradição, espiritualidade e acolhimento
Entre os que pretendem ir à igreja, a motivação não se limita à fé pessoal. Quase dois em cada cinco (39%) entrevistados afirmam que estar presente na igreja faz parte da tradição natalina, enquanto outros 34%, destacam a atmosfera e o simbolismo do período como fatores decisivos. Mais de um quarto (28%) aponta o Natal como um momento propício para reflexão espiritual.
Chama a atenção o crescimento da participação entre não cristãos. Mais de um terço desse grupo, 34%, respondeu que pretendem participar de algum evento religioso no Natal deste ano, em comparação com 30% do ano passado. Eles dizem sair de uma igreja no Natal sentindo-se alegres (38%), pacíficos (34%) ou esperançosos (25%). O dado mostra o papel cultural do Natal, mesmo para quem não pratica a religião.
A pesquisa também mostra diferenças geracionais relevantes. Jovens adultos lideram a retomada: a Geração Z aparece como o grupo mais propenso a ir à igreja neste Natal (60%), seguida pela Geração Y (59%), Geração X (36%), Baby boomers (30%) e a Geração Silenciosa (24%). Ou seja, entre os mais velhos, a adesão é menor.
Igrejas como rede de apoio social
Além do aspecto religioso, o estudo evidencia o gesto de caridade praticado pelos cristãos em apoio às comunidades. Dois em cada cinco britânicos (42%) afirmam que eles próprios ou alguém próximo recebeu algum tipo de ajuda de uma igreja no Natal. Quase um quarto (23%) afirma que eles, ou alguém que conhecem, receberam uma refeição gratuita no dia de Natal de uma igreja. Bancos de alimentos (12%), refeições gratuitas (10%) e espaços aquecidos (11%) durante o inverno aparecem entre os serviços mais citados.
Para muitos jovens, inclusive, esse apoio concreto é uma das principais razões para frequentar a igreja. Quase um quarto (22%) dos fiéis da Geração Z afirma que a participação religiosa está ligada ao acesso a esse tipo de assistência, especialmente em um contexto de custo de vida elevado e insegurança econômica.
Dirigentes da Tearfund destacam que esse papel comunitário não se limita ao Reino Unido. Em países pobres ou afetados por conflitos, igrejas locais organizam refeições coletivas e celebrações que chegam a dobrar ou triplicar a frequência habitual no Natal. Segundo a organização, nesses contextos a igreja funciona como espaço de unidade, reconstrução social e esperança.
Os números reforçam uma percepção mais ampla: para quase metade dos britânicos (48%), a Igreja ainda é eficaz no enfrentamento de grandes desafios sociais, número que sobe para 54% entre jovens de 18 a 34 anos.

