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Zohran Mamdani, prefeito eleito de Nova York, durante evento de campanha em setembro de 2025. (Foto: Angel Colmenares/EFE)

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Que os ingênuos observem: Nova York, essa torre de Babel do capital, acaba de votar pela sua própria autocastração, mas não da forma que os alarmistas de plantão preveem. Zohran Mamdani, o novo prefeito eleito, não é uma figura saída de um pesadelo teocrático. Ele é, antes de tudo, o sintoma mais recente e eloquente da imbecilização coletiva que assola o Ocidente, um produto refinado do "progressismo" globalista.

Mamdani, membro dos Socialistas Democratas da América, que prega redistribuição marxista e flerta com movimentos "revolucionários" do "Sul Global", é menos um aiatolá e mais uma marionete perfeitamente alinhada. Ele é o rosto local de uma agenda transnacional, financiada por bilionários do Vale do Silício e doadores como Alex Soros, que visam remodelar as metrópoles ocidentais.

Não seria a primeira vez que nova-iorquinos, em sua ingenuidade ou cegueira autoimposta, elegeriam um homem cujas lealdades são menos americanas e mais globalistas. Bill DeBlasio, com seu romance sandinista e a lua de mel em Cuba, já deu o tom. Sob sua liderança, a cidade não entrou em um califado, mas em um pântano de crime e desordem, onde a polícia foi vilipendiada e a moral cívica erodida. Com Mamdani, Nova York não se atira para a escuridão medieval; ela se conforma à escuridão de um globalismo homogeneizador, onde a liberdade individual é substituída pela coletivização burocrática e a Democracia da Mordaça se impõe sob o pretexto de "equidade".

O currículo de Mamdani, embora revestido de retórica de "justiça social", é um manual de advertência. Suas simpatias por grupos que glorificam jihad e defendem o terrorismo "antiamericano" são preocupantes, sim, mas devem ser vistas não como um prelúdio à Sharia nas ruas de Manhattan, e sim como a linguagem codificada de um "progressismo" que instrumentaliza essas causas para desmontar as instituições ocidentais. Seus laços com indivíduos que defenderam o Hamas não são um juramento ao fundamentalismo, mas uma adesão a uma narrativa "anticolonial" que se encaixa perfeitamente na agenda de desconstrução cultural financiada por certas fundações.

Bilionários, Mamdani já disse, não deveriam existir, mas são eles que, paradoxalmente, financiam sua ascensão. Agora eleito, Nova York não será governada no sentido tradicional

A marca de socialismo de Mamdani é imbuída de um ressentimento estratégico, uma ferramenta para a redistribuição não apenas de riqueza, mas de poder e influência para os grupos alinhados a essa nova oligarquia globalista.

Sob Mamdani, o crime não explodirá em uma guerra santa, mas certamente continuará sua ascensão vertiginosa. A polícia será ainda mais marginalizada e desmoralizada. Promotores continuarão a tratar criminosos como vítimas de um sistema "injusto", e vítimas como obstáculos à "equidade".

O capital, que Maquiavel descrevia como um dos pilares da força do governante, continuará a fugir, mas não para o Califado, e sim para a Flórida, o Texas e Dubai, onde a agenda globalista ainda não conseguiu impor seu controle total sobre a economia. As grandes torres de Manhattan se esvaziarão à medida que a confiança evapora e a cidade se torna um laboratório de engenharia social, onde a liberdade de mercado é substituída por intervenções estatais e regulamentações ditadas por ONGs financiadas.

O que ameaça Nova York não é uma teocracia, mas a perda da alma ocidental em nome de uma homogeneização globalista. As discussões sobre direitos das mulheres ou liberdade não serão banidas por decretos religiosos, mas diluídas e ressignificadas por uma "justiça social" que prioriza pautas identitárias em detrimento da liberdade individual. A população judaica pode enfrentar hostilidade, não por dogma religioso explícito de um califado, mas por um "antissionismo" político, estrategicamente enquadrado na narrativa "antiopressão" do globalismo.

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Apesar de ter flertado com o "defund the police" em 2020 – uma posição convenientemente negada na campanha –, Mamdani demonstrou a maleabilidade tática necessária a uma marionete. Sua vitória, com 50,5% dos votos, não foi um triunfo popular genuíno, mas o resultado de uma fragmentação estratégica da oposição, onde Andrew Cuomo (com sua impopularidade e acusações de assédio) e Curtis Sliwa (com sua excentricidade) dividiram a base antiMamdani, pavimentando o caminho para um controle que se traveste de "democracia". Essa é a essência da sombra na parede, onde o poder reside onde os homens acreditam que ele reside, e a crença é moldada pela narrativa globalista, com os bilionários doadores exercendo sua influência nas sombras.

Quando Mamdani assumir, a cidade que nunca dorme não despertará para um pesadelo de Sharia, mas para uma realidade de controle burocrático crescente, onde as luzes de Broadway não se apagam, mas o brilho da liberdade empresarial e individual é paulatinamente substituído pela agenda de seus financiadores.

O skyline permanecerá, mas seu espírito de empreendimento será corroído por um homem cujas simpatias não estão com o policial, o pequeno empresário ou o contribuinte, mas com os aparatos ideológicos que servem à agenda globalista.

Com um quarto da população (2,12 milhões) considerando a fuga, a cidade enfrenta a materialização da falha da "opinião" de Hume: quando a crença na legitimidade do poder é percebida como subserviência a interesses ocultos, o povo foge, pois a espada que deveria protegê-los agora é vista como uma ferramenta de um poder opressor.

Bilionários, Mamdani já disse, não deveriam existir, mas são eles que, paradoxalmente, financiam sua ascensão. Agora eleito, Nova York não será governada no sentido tradicional. Será ocupada por uma agenda globalista que a usará como um modelo de autocastração para outras metrópoles, onde a sombra do controle se estende silenciosamente, sem precisar de fogueiras ou bandeiras religiosas, apenas da crença cega em um "progresso" ditado de cima para baixo.

Marcos Paulo Candeloro é graduado em História (USP), pós-graduado em Ciências Políticas (Columbia University- EUA) e especialista em Gestão Pública Inovativa (UFSCAR).

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos