Edmundo González ao lado da líder oposicionista María Corina Machado, em ato em Caracas em julho de 2024 (Foto: Ronald Peña R/EFE)

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Segundo reportagem da agência Reuters, no telefonema de 21 de novembro com o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, o presidente dos EUA, Donald Trump, deu um prazo de uma semana para o líder chavista renunciar e se asilar em algum país de sua escolha.

Maduro não atendeu à exigência, e na semana passada o presidente americano disse que o ditador venezuelano está com os dias “contados”.

Diante da crescente pressão militar americana, o mundo se pergunta quem poderia assumir o governo da Venezuela caso Maduro seja derrubado pelos Estados Unidos (sendo forçado a renunciar ou deposto pelas armas).

Em recente reportagem, o jornal americano The New York Times colocou como potenciais sucessores o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, e o secretário-geral do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e ministro do Interior, Justiça e Paz, Diosdado Cabello, número 2 do chavismo.

Entretanto, mesmo em um governo de transição, dificilmente a gestão Trump aceitaria que eles governassem a Venezuela: o primeiro, por ser um dos defensores da linha militarista e bravateira do regime chavista; o segundo, porque, assim como Maduro, tem contra si uma recompensa oferecida pelos EUA por informações que levem à sua prisão ou condenação, por acusações de envolvimento com o narcotráfico (US$ 25 milhões por Cabello, US$ 50 milhões por Maduro).

Confira abaixo outros nomes, que teriam mais chances de suceder Maduro, em caso de queda do ditador:

Delcy Rodríguez

De acordo com a Reuters, no telefonema de novembro, Maduro pediu que a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, liderasse um governo interino até a realização de novas eleições. As fontes ouvidas pela agência britânica disseram que Trump rejeitou o pedido.

Por ter implementado políticas econômicas mais pró-mercado, Delcy é considerada um nome menos radical dentro do chavismo, mas como é impossível falar em chavismo moderado, costuma estar alinhada às posições extremas de Maduro e Cabello.

Na semana passada, Delcy disse que a cerimônia de entrega do Prêmio Nobel da Paz para a líder oposicionista María Corina Machado foi um “velório”, um “fracasso total” e “um prêmio manchado de sangue”.

Outra indicação de que a vice de Maduro não é “moderada” é que seu irmão, o presidente do Parlamento venezuelano, Jorge Rodríguez, faz parte da linha-dura chavista.

Apesar de ter sido designado para conversas com o governo dos EUA e no primeiro semestre ter negociado voos de deportação de venezuelanos com o então enviado especial Richard Grenell, Jorge liderou iniciativas como um projeto de lei para retirada da Venezuela do Tribunal Penal Internacional (TPI), onde o chavismo é investigado por crimes contra a humanidade e violações de direitos humanos, e ações para implementar a “anexação” da região do Essequibo, que corresponde a 70% do território da vizinha Guiana e é reivindicada pela Venezuela.

Juan Guaidó

O oposicionista Juan Guaidó se autoproclamou presidente interino da Venezuela em 2019 e foi reconhecido à época por União Europeia, Estados Unidos, Brasil e outros países.

Porém, sem atingir os objetivos de destituição da ditadura chavista (que seguiu governando o país de fato) e/ou abertura política, a Assembleia Nacional da Venezuela, eleita em 2015 com maioria opositora e dissolvida posteriormente (mas que seguiu funcionando em paralelo ao chavismo), aprovou a extinção da presidência interina no final de 2022.

Guaidó também perdeu importância política diante de outras duas figuras da oposição, Edmundo González e María Corina, o que diminui suas chances de suceder Maduro.

Edmundo González

González foi o vencedor da eleição presidencial de 28 de julho de 2024, mas o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, aparelhado pelo chavismo, declarou que Maduro ganhou a disputa, mesmo com a oposição publicando na internet atas de votação que comprovaram a vitória do seu candidato.

O resultado fraudulento foi ratificado pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), também subserviente a Maduro.

Em setembro de 2024, depois que a Justiça venezuelana decretou sua prisão, González foi para a Espanha, onde recebeu asilo político.

Vários países, como Estados Unidos e Argentina, exigem respeito ao resultado do ano passado e a própria María Corina, apesar de ser o grande nome da oposição venezuelana hoje, prega que o aliado assuma a presidência, em respeito às urnas. González, por sua vez, tem afirmado que ela será sua vice caso ele chegue ao Palácio de Miraflores.

María Corina Machado

María Corina Machado só não disputou a eleição do ano passado porque a ditadura chavista a declarou inelegível. Sem poder concorrer, foi a principal apoiadora de González durante a campanha eleitoral, em uma luta pela democracia que lhe valeu o Prêmio Nobel da Paz deste ano.

Apesar de defender que o aliado assuma o cargo, María Corina tem grande apoio dos Estados Unidos – foi indicada ao Nobel por Marco Rubio, secretário de Estado da gestão Trump – e não pode ser descartada a possibilidade de algum arranjo político (até mesmo novas eleições) para que ela chegue à presidência.

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