Trump equipara fentanil à bomba atômica — resolve?
Parece que o desejo do presidente americano é classificar os entorpecentes como armas químicas para justificar intervenções militares em outros países
O presidente dos EUA disse que as consequências da epidemia de consumo de drogas, especificamente o fentanil, se assemelham aos efeitos de uma bomba atômica ou de uma arma biológica. Baseado nesse argumento, Trump quer equiparar legalmente essas drogas às bombas de destruição em massa.
Não há dúvidas de que o alto consumo de drogas é devastador para um país. Além da dependência química, com consequências de saúde e financeira para o usuário, o consumo de drogas desarticulara famílias e está associado à elevação da criminalidade. Trata-se de uma patologia social.
Entretanto, equiparar drogas a bombas atômicas não vai resolver o problema. Primeiro, porque os Estados Unidos já contam com leis duras e policiamento eficiente para o combate às drogas. Segundo, porque é praticamente impossível banir a entrada de drogas nos EUA. Se até hoje não conseguiram, por que agora seria diferente?
É evidente que o combate às drogas passa pelo lado da oferta: com ataques à produção e à distribuição. Mas o enfrentamento ao tráfico passa também pela demanda, com políticas públicas para desincentivo do uso de drogas pela população.
Sem dúvida, nessa guerra, o papel da família é crucial, pois um jovem com valores bem sedimentados, contrários às drogas, vai se manter longe da tentação de experimentar entorpecentes, por mais que haja fentanil ou cocaína em abundância.
Isso posto, parece que o desejo de Trump é classificar as drogas como armas químicas para justificar intervenções militares em outros países sob a justificativa de “combate ao tráfico”. No passado, era guerra ao terror. Hoje, é guerra às drogas. Afinal, quem vai se opor?
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
