Chile vai às urnas para eleger novo presidente em meio aumento da violência e desavença sobre imigração
Cerca de 15,6 milhões de eleitores estão convocados para votar em uma eleição em que a esquerda aparece na liderança, mas a ultradireita ganha força impulsionada pela segurança; pela primeira vez, o voto será obrigatório, com uma multa de até 100 dólares (R$ 527, na cotação atual)
Os chilenos vão às urnas neste domingo (16) para eleger o novo presidente do país, em uma eleição que marca mais um confronto entre a esquerda e a extrema-direita e a busca pela tranquilidade em um país angustiado com o crime. Embora a taxa de homicídios tenha triplicado na última década (de 2,5 para 6,7 por cada 100.000 habitantes), está abaixo da média da região, de 15 homicídios por cada 100 mil, segundo os últimos dados da ONU. A maioria associa o aumento da violência à imigração irregular. O Chile tornou-se um destino importante para imigrantes, principalmente vindos da Venezuela, que entram no país pela fronteira norte com Bolívia e Peru, uma região para onde o governo de Gabriel Boric enviou o Exército no início de 2022.
A população migrante duplicou em sete anos no Chile e alcançou 8,8% do total em 2024 neste país de 20 milhões de habitantes, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas (INE). Os estrangeiros em situação irregular, cerca de 337 mil, a maioria venezuelanos, estão na mira da direita que concorre com a centro-esquerda nas eleições gerais deste domingo. É a segunda maior proporção de residentes estrangeiros na América Latina, depois da Costa Rica, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).
A esquerdista Jeannette Jara, que lidera as pesquisas, promete manterá uma relação baseada no “pragmatismo e no respeito mútuo” com o governo de Donald Trump, diferente de seu adversário, o ultradireitista José Antonio Kast, que se apresenta como um aliado próximo de Trump, cuja influência na América Latina está em ascensão. Atrás estão, dois candidatos de direita, Johannes Kaiser e Evelyn Matthei. As pesquisas estão suspensas desde 2 de novembro.
A relação entre a esquerda chilena e os Estados Unidos foi tensa por décadas devido ao apoio de Washington ao golpe de Estado de 1973 contra o presidente socialista Salvador Allende. Mais de 3 mil pessoas foram assassinadas e dezenas de milhares foram presas e torturadas durante o regime de Augusto Pinochet, que durou de 1973 a 1990. Contudo, hoje, os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Chile.
Apesar de aparecer em primeiro nas pesquisas, a porcentagem de Jara não é suficiente para fazê-la vencer em primeiro turno e suceder o presidente Gabriel Boric, o que obrigaria os chilenos a voltarem às urnas no dia 14 de dezembro para escolher entre Jara e Kast. Segundo as pesquisas, quem levaria a melhor em uma nova rodada de votações é o candidato de extrema-direita, pois somaria os votos dos outros três candidatos de direita: Evelyn Matthei, Johannes Kaiser e Franco Parisi. Cerca de 15,6 milhões de eleitores estão convocados às urnas. Pela primeira vez, o voto será obrigatório, com uma multa de até 100 dólares (R$ 527, na cotação atual).