COP30 acontece em meio ao aniversário de 10 anos do Acordo de Paris, que sofre com atrasos na entrega das NDCs

Fim do uso de fósseis é o ponto-chave para solucionar a crise climática.; ainda que não esteja previsto na agenda da COP deste ano, há pressão de alguns países e da sociedade civil para que seja discutido

  • Por Jovem Pan
  • 10/11/2025 17h55
Ricardo Stuckert / PR cop30 Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a Abertura da 4.ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da CELAC e da UE, na Sala Plenária do Centro de Convenções do Hotel Estelar Santamar. Santa Marta - Colômbia

A Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP30) começou oficialmente nesta segunda-feira (10), em Belém, no Pará. O evento ocorre em um momento em que o Acordo de Paris – que definiu as metas de emissão de cada país para limitar o aumento da temperatura global a 1,5º C acima dos níveis pré-industriais, as NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas) – completa 10 anos.  Para o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, trata-se de uma questão “muito delicada”: “muitos países acham que os outros vão apontar o dedo para eles e ninguém gosta de ser indicado como um país problema. Então, eu acho que a gente pode tentar encontrar uma maneira de tratar do assunto como uma coisa geral. Ou seja, uma percepção geral de que todo mundo ainda tem que fazer isso juntos”.

Na semana passada, um estudo da ONU analisando as NDCs apresentadas até o momento mostrou que as metas assumidas só seriam capazes de reduzir em 10% as emissões até 2035. Corrêa do Lago lamenta o atraso na entrega das NDCs: “A gente imaginava que todo mundo ia apresentar a NDC em fevereiro, que a gente ia ter dados muito precisos de análise das NDCs. Nós estamos aqui analisando a NDC no dia. A gente está especialista em analisar em 24 horas a NDC, que, obviamente, não é a forma correta de fazer as coisas”.

cta_logo_jp
Siga o canal da Jovem Pan News e receba as principais notícias no seu WhatsApp!

Diante das metas atrasadas, na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), publicasse um artigo em 50 países em que demanda ações concretas na COP30.  O regime climático da ONU é composto por 198 partes: além das nações, participa a União Europeia. Todas as decisões tomadas nas COPs precisam do consenso dos participantes. Nas últimas duas edições, o conjunto dos países decidiu iniciar uma transição reduzindo o uso de combustíveis fósseis (na COP28, em Dubai) e triplicar o financiamento oferecido por países desenvolvidos aos países em desenvolvimento, chegando a US$ 300 bilhões anuais (na COP29, em Baku), sem que a meta anterior de fornecer US$ 100 bilhões (cerca de R$ 537 bilhões) fosse cumprida.

A expectativa dos países é que sejam estabelecidos os indicadores para a Meta Geral de Adaptação (GGA, na sigla em inglês). Nas reuniões que antecederam a COP, em Bonn, na Alemanha, e em Brasília, especialistas contribuíram com uma lista de 100 indicadores que incluem diversas áreas, como saúde, agricultura, saneamento, entre outras. O pacote deve ser avaliado em Belém. O fim do uso de fósseis é o ponto-chave para solucionar a crise climática. E, ainda que não esteja previsto na agenda da COP deste ano, há pressão de alguns países e da sociedade civil para que seja discutido. As nações desenvolvidas manifestam a preocupação com a qualificação da mão de obra na transição de uma indústria de fósseis para a produção de energias renováveis. De outro lado, países em desenvolvimento querem garantir acesso à energia, financiamento, aspectos de infraestrutura e necessidades socioeconômicas associadas a essa transição.

*Com informações do Estadão Conteúdo