Indicação de Flávio gera atrito em aliança entre União e PL na Bahia; deputados reagem

Aliados próximos a ACM Neto avaliam que a fragmentação de candidaturas entre a ala bolsonarista mais ortodoxa e os setores moderados da direita pode colocar o político em uma situação delicada

  • Por Bruno Pinheiro
  • 20/12/2025 07h00
bb A indicação de Flávio Bolsonaro à Presidência da República causa desconforto ao ex-prefeito de Salvador e potencial candidato ao Governo do Estado, ACM Neto

A articulação de uma aliança entre União Brasil (UB) e Partido Liberal (PL) na Bahia para as eleições de 2026 enfrenta resistências internas. O principal ponto de discórdia é a indicação de Flávio Bolsonaro (PL) como candidato à Presidência da República, que causa desconforto ao ex-prefeito de Salvador e potencial candidato ao Governo do Estado, ACM Neto (UB).

Aliados próximos a ACM Neto avaliam que a fragmentação de candidaturas entre a ala bolsonarista mais ortodoxa e os setores moderados da direita pode colocar o político em uma situação delicada. Na avaliação desse grupo, Neto ficaria entre duas opções consideradas ruins: subir no palanque de um presidenciável que pode não atingir o segundo turno, devido a uma possível pluralidade de concorrentes, ou associar-se definitivamente ao campo liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – movimento que o faria carregar a alta rejeição dos bolsonaristas perante o eleitorado baiano.

Do lado do PL, parlamentares afirmam não ter sido consultados sobre os termos da possível aliança e demonstram desconfiança em relação a ACM Neto sem uma declaração firme de apoio ao projeto político de Jair Bolsonaro. Fontes ouvidas pela reportagem afirmam que, para o ex-prefeito, Flávio Bolsonaro não é o único nome que representa a direita, tornando inviável um apoio direto à candidatura do filho do ex-presidente.

O deputado federal Capitão Alden (PL-BA), em conversa com a reportagem, foi enfático ao condicionar qualquer apoio a ACM Neto a um alinhamento prévio com Flávio Bolsonaro. “Sou militar, tenho disciplina e respeito a hierarquia! Sigo a missão passada por nosso líder, Jair Messias Bolsonaro, que deixou claro que o nome para a Presidência da República é Flávio Bolsonaro”, declarou.

O parlamentar, que citou a derrota de Neto ao governo estadual em 2022 por uma margem inferior a 1 milhão de votos, acredita que uma união anterior teria alterado o resultado. “Se ele [ACM Neto] estivesse com Bolsonaro desde o início da campanha, teria ganho e ajudado a eleger Bolsonaro”, avaliou.

Alden defende que o PL precisa ter um candidato próprio ao governo, provavelmente o ex-ministro João Roma, para garantir um palanque sólido para Flávio Bolsonaro no estado. Ele argumenta que o partido abriu mão de candidaturas próprias em municípios baianos nas últimas eleições, o que teria fortalecido o UB local, e que agora espera uma reciprocidade. “É o momento do União Brasil fazer o gesto de nos apoiar”, pontuou, ressaltando que a aliança só é viável com o PL em destaque na majoritária estadual.

A disputa pela hegemonia da direita na Bahia e os termos dessa coalizão emergem como um dos primeiros embates estratégicos no caminho para 2026, sinalizando os desafios de unificação do campo.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.