Edson Fachin
Presidente do STF afirma que Judiciário precisa atender ao "chamado" de atuar na defesa da agenda ambiental. (Foto: Antônio Augusto/STF)

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O ministro Edson Fachin, que preside o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), afirmou nesta quinta (13) que o Judiciário brasileiro precisa ser um “agente ativo” na defesa da agenda ambiental e na solução de conflitos ligados ao clima. A declaração foi feita em um evento durante a COP 30 em Belém, em que defendeu que a Justiça deve atuar não apenas como julgador, mas também como instituição responsável por sua própria governança sustentável.

Segundo o ministro, cabe ao Judiciário induzir comportamentos e impulsionar políticas públicas diante da “emergência ambiental” que, em suas palavras, exige “transformação”.

“Em ambas as tarefas, a Justiça é capaz de induzir comportamentos e impulsionar a justiça climática, consolidando-se como agente ativo na transformação exigida pela emergência ambiental”, afirmou Fachin ressaltando que a Justiça escute as populações locais enquanto “guardiães dessa imensa floresta tropical”.

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Em discurso que reforçou o protagonismo das cortes superiores, Fachin mencionou decisões do STF que, segundo ele, reforçam a proteção ambiental e a defesa dos povos originários, como a Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 708, que considerou inconstitucional o contingenciamento do Fundo Clima, garantindo recursos para o financiamento de ações ambientais no país.

O ministro lembrou também de julgamentos históricos como o caso Raposa Serra do Sol, em 2009, quando o Supremo decidiu pela preservação de uma ampla área de floresta em Roraima.

“O tribunal não apenas permitiu a preservação de uma ampla área de floresta, como também das culturas, línguas, formas de organização social e política, rituais e cosmologias dos povos originários”, completou.

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Fachin ainda destacou que o Brasil busca se alinhar às jurisprudências internacionais sobre meio ambiente e citou o Pacto pela Transformação Ecológica, firmado em 2024, como exemplo de cooperação entre os Poderes para promover desenvolvimento sustentável e justiça social. O documento, segundo o ministro, reforça o compromisso do país com a proteção ambiental e com os princípios defendidos nos acordos globais sobre o clima.

Ao encerrar sua fala, Fachin apelou por uma ampla rede de cooperação e transformação em defesa da natureza, referindo-se à Terra como “Casa Comum” ou “Pacha Mama”. “A esse chamado e a esse dever nenhum de nós pode se furtar”, afirmou.

Para o presidente do STF, a agenda ambiental deve ser prioridade e responsabilidade compartilhada entre os Poderes, com o Judiciário assumindo papel ativo nas decisões sobre o tema.