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Segundo investigadores, Yoon teria ordenado o envio de drones à Coreia do Norte para provocar uma retaliação e usar o incidente como pretexto para decretar lei marcial em dezembro. (Foto: YONHAP/EFE/EPA)

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O Ministério Público da Coreia do Sul acusou nesta segunda-feira (10) o ex-presidente Yoon Suk Yeol de colaborar com o regime da Coreia do Norte, ao alegar que ele ordenou operações com drones sobre o território norte-coreano para provocar Pyongyang e criar um cenário favorável à imposição da lei marcial durante seu governo.

Segundo a investigação conduzida por uma promotoria especial, Yoon teria usado missões militares secretas para beneficiar o inimigo e manipular o clima de tensão entre as duas Coreias, numa “tentativa de justificar o controle militar do país”.

A procuradora Park Ji-young, que lidera o caso, afirmou que “Yoon e outros conspiraram para criar condições que permitissem a declaração de uma lei marcial de emergência, aumentando o risco de uma confrontação armada intercoreana e prejudicando os interesses militares públicos”.

As acusações se baseiam em documentos confidenciais do antigo comando de contrainteligência militar, datados de outubro do ano passado. Em um dos memorandos, o então chefe do setor instava as Forças Armadas a “criar uma situação instável ou aproveitar uma oportunidade que surja”, sugerindo ataques simbólicos a Pyongyang ou à cidade costeira de Wonsan para forçar uma resposta do Norte.

O regime norte-coreano afirmou, no fim do ano passado, ter detectado drones sul-coreanos lançando panfletos de propaganda sobre a capital, o que teria violado o armistício entre os dois países. O Exército de Seul nunca confirmou oficialmente a operação.

O caso amplia o escândalo político que levou à prisão e posterior destituição de Yoon Suk Yeol. Em dezembro de 2024, o então presidente tentou decretar a lei marcial e enviou tropas ao Parlamento para impedir a revogação do decreto. Ele foi detido em janeiro, ainda no cargo, e deposto oficialmente em abril.

Em junho deste ano, o então deputado Lee Jae Myung foi eleito para sucedê-lo como presidente. Yoon continua respondendo a processos por insurreição, abuso de poder e colaboração com o inimigo, enquanto a Justiça busca determinar se houve comunicação direta ou troca de informações sensíveis com autoridades norte-coreanas.

De acordo com a agência AFP, os promotores avaliam que, ao ordenar missões que poderiam favorecer a retaliação de Pyongyang e fragilizar a segurança nacional, o ex-presidente “atuou de forma a beneficiar o inimigo”. Yoon nega as acusações e alega motivação política no processo.

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