Grupo de mulheres islâmicas caminha nas ruas de Roma, Itália. (Foto: EFE/EPA/LUCIANO DEL CASTILLO)

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A situação na Europa Central, como já é sabido, beira o caos. Enquetes mostram que menos da metade da população ainda se denomina cristã. Em alguns casos chegam a 80% os não cristãos, como é o caso da França. Esse é o resultado de um longo processo em que não só forças externas agiram contra o cristianismo, ao mesmo tempo que uma série de subversões internas promoviam a derrocada de um modelo que sustentou a cultura ocidental por milênios.

Forças externas

Para entender como chegamos a ponto de negar quem somos e de onde viemos, é preciso voltar ao apogeu da civilização cristã - aliás, o substantivo civilização só pode ser associado ao adjetivo “cristã”, mas este é um assunto transversal. A Idade Média foi marcada pela influência da Igreja Católica na sociedade, com as catedrais góticas e o pensamento de São Tomás de Aquino. Também foi emblemática a coroação de Carlos Magno em 800 d.C., que consolidou o Império Carolíngeo. A este momento de equilíbrio entre a vontade de Deus e a vontade dos homens chamamos Cristandade.

É importante observar também que a Cristandade também viveu momentos profundos de crise dentro da instituição e teve que combater heresias que se espalharam e colocaram em risco a própria existência da Igreja, mas nada comparável ao que se seguiu.

O ápice da civilização cristã na Idade Moderna ocorre a partir da consolidação das alianças entre a Igreja e os reis cristãos que se concatenam em grandes impérios europeus, em especial nos séculos 15 e 16, em que se uniram o período das grandes navegações e  descobrimentos à reação da Igreja diante da revolução protestante.

Impérios encontram o ocaso com a Revolução Francesa

Praticamente toda a mitologia e a simbologia que sustentavam a ideia do rei ungido por Deus caiu por terra, ao menos em boa parte da Europa. Sucederam-se grandes levantes, e mais tarde, no século 19, esses levantes tinham em comum uma ideia não cristã, mas não necessariamente anti-cristã.

Naquele momento o cristianismo estava intrinsecamente vinculado ao estado, e essa ligação associou a rejeição à Igreja às falhas do governo ou ao seu isolamento da vontade popular. Foi quando surgiu o debate se o estado deveria ser laico ou confessional.  De qualquer maneira, o modelo de estado com base no Cristianismo decaiu a partir da Revolução Francesa e foi encerrado no final da Primeira Guerra Mundial, com o fim de boa parte dos Impérios cristãos europeus.

Esse é um dos fatores importantes. A Europa não estava mais na vanguarda da defesa do Cristianismo, como foi anteriormente. Em algumas partes da Europa, por exemplo, no leste europeu ou mesmo na Rússia, a religiosidade ainda era alta, assim como o nacionalismo, em algumas áreas de fronteira entre oriente e ocidente, mas em termos efetivos não havia uma cristandade  defendida pela população, muito menos pelas instituições públicas, porque o Cristianismo deixou de ser parte do Estado.

Europa é resultado de políticas migratórias desordenadas

Tais políticas foram adotadas por governos social-democratas, globalistas e socialistas, fruto da destruição sistemática do que é “ser europeu”. A migração de povos de fé muçulmana, ativados do ponto social e político, tem uma missão clara:  destruir o cristianismo por dentro. Vale observar que a migração predatória não se refere necessariamente à etnia árabe, pois sabemos que uma parcela expressiva, até o início do século 20, tinha outras denominações religiosas, entre elas o cristianismo.

A Europa não tem como se proteger, pois, a sociedade não se importa e as instituições não estão adequadas para fazer frente ao inimigo islâmico, ao contrário, agem contra a sociedade cristã, e é bem provável que se continuar assim uma completa substituição venha a tomar curso de forma muito mais acentuada. Ou seja, podemos prever o fim de todas as monarquias calcadas no cristianismo que ainda subsistam, uma vez que os governos adotam políticas de migração especificamente não-cristã.

Essa previsão para a Europa é inexorável, mas ao mesmo tempo é possível perceber que uma expressiva parte dos europeus ainda é cristã e preserva sua identidade europeia. Estamos falando de cerca de 30% dos quase 500 milhões de habitantes da Europa, ou 70 milhões de pessoas, um valor expressivo, embora um tanto disperso em vários países. Certamente, quando a situação piorar, diante da invasão muçulmana, eles terão duas opções: lutar ou fugir.

Refugiados europeus no Brasil e nos EUA

Quando se depararem com falta de opções para onde fugir dentro da própria Europa, os cristãos terão como alternativa a América Latina ou os Estados Unidos, ambientes ainda favoráveis aos cristãos refugiados, recriando um fluxo migratório já bem conhecido do final do século 19 e início do século 20, quando a América recebeu milhares de imigrantes europeus que fugiam de guerras, fome ou perseguições religiosas. Entretanto, ainda há outros fatores que inibiriam essa diáspora.

É provável que muitos optem por lutar, travando uma guerra civil dentro dos países europeus. Esse não é um cenário difícil de prever. Com o tempo, se nada for feito, os cristãos se tornarão minoria e sequer poderão travar um combate, e esse é o grande fator estratégico engendrado pelos destruidores do cristianismo: uma substituição sem confronto, por pura saturação do ambiente, com uma nova maioria muçulmana, em que o cristão não tenha sequer os meios de se proteger.

A reação é agora ou nunca

Na verdade, ele já não tem.  Em vários países os cristãos não conseguem se associar ou criar grupos para estabelecer um confronto. Portanto, até a projeção de conflito é duvidosa, a não ser que a crise se instaure agora, mas como esse ponto de decisão está no futuro, o cristianismo tem mais ainda a perder, e é por isso que estamos presenciando um processo inexorável.

Assim, não será na Europa central que uma guerra santa deve ser travada, porque o mais provável é uma substituição bem ampla da sociedade, com alguns resquícios de resistência no leste europeu ou até mesmo na própria Rússia, como já foi no passado, notadamente na Iugoslávia, Hungria, Polônia e Ucrânia, que muitas vezes no passado se defenderam da incursão otomana.

A Europa central tem tudo a perder: Bélgica, Alemanha, Holanda, França, Portugal, Espanha, Inglaterra, países que definiram o que é o Ocidente por vários séculos. É provável que se não travarem uma guerra agora, não o farão no futuro.

Onde impera o Islã, impera a barbárie

O segundo ponto é que o genocídio de cristãos no Sudão perpetrado por muçulmanos não é diferente de suas costumeiras práticas ao longo da história. Basta recorrer a exemplos da ascensão muçulmana no passado. A partir do século 6 islâmicos deram um tratamento draconiano aos infiéis, seguindo as suras do Corão.

Lembrando que o Corão não pode ser interpretado, portanto, o que está escrito deve ser absorvido como letra fiel a ser implementada na ação. A lei da sharia, um dos preceitos embutidos no código islâmico, dá poder aos muçulmanos de praticar as maiores atrocidades contra quem eles julgam infiéis. É isso o que acontece no Sudão, quando um estado ou um movimento islâmico é criado. É necessário admitir que esses, de fato, são coerentes com sua fé muçulmana. É claro que existem exceções, nem sempre os governantes islâmicos adotam a lei da sharia, e nesse caso uma parte do Islamismo não é implementada, mesmo com maioria muçulmana.

Mustafa Kemal Atatürk, na Turquia, por exemplo, debelou o império otomano, e no rescaldo do esfacelamento, liderou um movimento nacionalista e criou um estado laico, talvez o único estado laico de maioria muçulmana na história. Naquele momento ele rechaçou a sharia, considerando-a uma prática que não deve ser implementada ou representada em lei, colocando a Turquia em curso de se alinhar com o Ocidente.

Vale lembrar que no início do século 20, quando o presidente da Turquia, Atatürk,  fez uma grande mudança em seu país e em praticamente todo o império otomano, modernizou todas as estruturas de seu país em que o analfabetismo era total e não havia indústria. Era uma área de extrema pobreza que contrastava com seu passado de grandes filósofos, matemáticos e mestres de navegação, da astronomia, da arquitetura e da construção civil. 

Pode-se até tecer um paralelo entre a ascensão do islamismo e a decadência cultural e científica dos povos árabes. Hoje em toda a região que se denomina árabe e países que têm maioria muçulmana no comando há um estrangulamento das diversas culturas e etnias que compuseram o Oriente Médio antes de muçulmanos tomarem o poder e determinarem leis semelhantes à da sharia.

Cultura de tolerância e oportunismo

A perseguição absoluta na Europa e o genocídio que varrem todas as regiões da África não pode ser ignorada. Na Europa, os dados informados são aumento do latrocínio, da violência contra a mulher, além da substituição política. Vemos que ali também não há uma linha de defesa e a próxima guerra esperamos que não seja civil, armada, mas uma guerra santa necessária de ser travada no âmbito político de proteção contra a lei da sharia e a invasão muçulmana. Não vejo uma frente de combate a não ser nas Américas, e o Brasil é um expoente nessa luta.

Também não vejo os EUA como grandes defensores. Os valores anglo-saxões que foram absorvidos pelo liberalismo ainda permeiam boa parte da sociedade norte-americana. Tolerância, permissividade e igualdade são argumentos usados pelos muçulmanos para desarmar a sociedade, que poderia se levantar contra a invasão islâmica.

A missão salvífica é nossa

No Brasil essas sementes também estão plantadas no nível institucional, pois parte da burocracia e dos partidos de esquerda são anticristãos, anti-Europa, e contra a soberania e a independência do Brasil, e vão querer de fato subverter esses conceitos, no entanto, estão limitados pela população.

Apesar de comandarem as instituições, os burocratas não comandam o povo, ao contrário, estão isolados, como Luís XVI se isolou em Versailles, sem nenhuma noção do que acontecia no bojo da sociedade. No Brasil, a população será resiliente e defensora dos seus valores, dizendo “não” às instituições e a qualquer tipo de levante contrário ao cristianismo.

No Brasil, os valores de transgressão à fé ainda não conseguiram vingar. Embora alguns setores católicos e evangélicos tenham esmorecido, não o fizeram a ponto de criar uma fraqueza endêmica no cristianismo.

Como bem afirmou padre Antônio Vieira em seu “Sermão da Primeira Missa”, em 1655: “O Brasil é a terra onde Deus quer que se faça a sua obra”. Assim, nosso país tem a missão importante de ser esse grande bastião de defesa, e espero que possamos daqui iniciar uma reconquista, que implica persistência, estudo e tempo para retomar os ideais cristãos. Essa é a missão da nossa geração, reunir mais pessoas para cerrar fileiras e enfrentar a nova realidade que se impôs no início do século 21.

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