jornalistas mentiras
Por incrível que pareça, algo assim aconteceu, em um dos principais canais de notícias do Brasil. (Foto: Imagem criada utilizando Whisk/Gazeta do Povo)

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Você já viu a imprensa que desistiu de ser imprensa fazer as maiores barbaridades... Todo dia, há pelo menos sete anos, ela anda por aí, desnorteada, inventando as maiores mentiras, as narrativas mais esdrúxulas, para defender os seus poderosos de plantão e atacar quem se opõe aos tiranos que tomaram o Brasil. A turma alterna o “veja como isso é bom” e o “veja como isso é ruim”, conforme seus interesses, conforme os personagens da história, da notícia... E não é jornalista quem tenta usar seu relato como uma forma de alterar os fatos, que não são e não podem ser um “bem acessório” na comunicação.

Acabou o compromisso com os fundamentos do jornalismo, com a busca pela verdade. E não basta assassinar valores, princípios morais, éticos, é preciso esquartejar o que ainda resta disso tudo, e queimar, e dissolver em ácido. O processo começa na escolha enviesada das pautas, do que vira reportagem, assunto para um artigo, um editorial e do que é sumariamente descartado. O conceito de relevância, obviamente, teve de ser corrompido, e ninguém se envergonha disso... Nem do tratamento fantasioso, delirante que recebe cada tema estrategicamente pinçado.

Não é jornalista quem tenta usar seu relato como uma forma de alterar os fatos, que não são e não podem ser um “bem acessório” na comunicação

Desde o “consórcio de imprensa”, lançado no período da Covid, o comportamento criminoso de “jornalistas” só se acentuou. A Folha de S.Paulo nem piscou, na época, ao publicar que a Covid estava ligada “ao avanço do fascismo no Brasil”... O portal O Antagonista não viu problema nenhum em estampar que Alexandre de Moraes impedia Bolsonaro de decretar o fim das quarentenas nos estados, para, dois meses depois, dizer que o STF “nunca proibiu Bolsonaro de enfrentar a Covid”. Em junho de 2020, o UOL publicou o seguinte título: “Protestos do Black Lives Matter não causaram aumento de casos de Covid”. Um mês depois, era manchete no portal: “Casos de coronavírus disparam em Oklahoma após comício de Trump”.

As manifestações dos apoiadores de Bolsonaro, sempre ordeiras e pacíficas, eram tratadas como ataque à democracia. Quando os fascistas autodeclarados “antifascistas” ocuparam as ruas, como em maio de 2020, foram chamados de “defensores da democracia”. Mesmo que muitos usassem máscaras, portassem facas, soco inglês, mesmo que tenham espancando opositores, soltado rojões contra policiais, queimado a bandeira brasileira... A manchete do Estadão foi: “Manifestantes fazem ato pró-democracia na Paulista”.

Pode ter pau, pedra, quebra-quebra, violência, muita violência... Para a imprensa que desistiu de ser imprensa, se tiver uma faixa dizendo que é em defesa da democracia, dependendo do grupo, aí pode ser democrático... Foi assim, de novo, em junho de 2020, quando os arruaceiros “antifascistas” voltaram à Paulista. Um grupo carregava uma enorme faixa em que se lia: “Em defesa da revolução e da ditadura proletárias”... Sobre essa imagem a GloboNews, sem nenhum pudor, inseriu uma tarja com os seguintes caracteres: “Protesto em São Paulo em defesa da democracia”.

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Tenho um arquivo com quase mil exemplos desse tipo de comportamento criminoso da imprensa cadavérica. Vídeos também... Ainda em 2020, o Jornal Nacional e o Jornal da Globo, num mesmo dia, conseguiram a “proeza” de eliminar um ‘não’ do texto que antecedeu uma fala do presidente Jair Bolsonaro. William Bonner e, quatro horas depois, um repórter em Brasília disseram: “Bolsonaro afirmou que pediu ajuda ao então ministro Moro para ser blindado, mas não foi atendido”. Quando entra o Bolsonaro, ele diz, de forma enfática: “Moro, eu não quero que me blinde”...

Bonner demorou cinco minutos para fazer a correção: “Há pouco, nós dissemos, erroneamente, que o presidente Bolsonaro tinha pedido ao então ministro Moro para ser blindado, mas, como nós mostramos na voz do próprio presidente, foi o contrário; ele disse a Moro que não queria ser blindado”... Com 37 anos de jornalismo, não consigo explicar como o repórter de Brasília pode ter cometido o mesmo “erro”, algumas horas depois, no Jornal da Globo... E, mais do que isso, como pôde fazer a correção exatamente da mesma forma que Bonner, com o mesmo texto, palavra por palavra, inclusive o trecho final: “Está feita a correção”...

Fascistas autodeclarados “antifascistas” foram chamados de “defensores da democracia”, mesmo que muitos usassem máscaras, portassem facas e soco inglês, espancassem opositores e soltassem rojões contra policiais

Esse caso deveria ter levado à demissão de todos os profissionais envolvidos, mas não deu em nada. Seria até hoje, para mim, o maior símbolo da militância criminosa da imprensa moribunda... Até que foi revelado na semana passada que a BBC manipulou falas de Donald Trump, para ligá-lo à invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021. Dois altos executivos da emissora britânica tiveram de pedir demissão, depois que o jornal The Telegraph publicou detalhes de um dossiê interno vazado da BBC…

O documento revelou que, no ano passado, a emissora transmitiu um discurso “manipulado” de Trump, fazendo parecer que o presidente tinha incentivado os manifestantes que invadiram o Capitólio, dizendo que iria caminhar com eles para “lutar como o diabo”... Na realidade, Trump disse em seu discurso na capital americana o seguinte: “Vamos caminhar até o Capitólio pacificamente e vamos aplaudir nossos corajosos senadores e congressistas”. Os editores da BBC simplesmente inseriram nessa fala trecho de outro discurso de Trump em que ele usou a expressão “lutar como o diabo”, e que não tinha nada a ver com o contexto do 6 de Janeiro.

Chegamos a esse ponto... Fraudar declarações de entrevistados, de personagens das histórias que deveriam ser reais... E isso não é “fake news”, “desinformação”, “desordem informacional”, essas baboseiras que nada conceituam. Isso é crime de verdade, e, não à toa, Donald Trump vai pedir uma indenização bilionária à BBC. Ainda bem que Alexandre de Moraes não terá nada a ver com esse processo... Ele, ele vai jurar a vida inteira que a imprensa “tradicional” nunca mente, não erra, nunca se engana, não deturpa, não manipula... É limpa, limpinha. O perigo mesmo são as redes sociais.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos