Silo e armazém em fazenda de Guarapuava atingida por um dos tornados que devastaram municípios do Paraná. Em Rio Bonito do Iguaçu, prejuízos do agro são estimados em R$ 150 milhões
Silo e armazém em fazenda de Guarapuava atingida por um dos tornados que devastaram municípios do Paraná. Em Rio Bonito do Iguaçu, prejuízos do agro são estimados em R$ 150 milhões (Foto: Rodolpho Werneck/Arquivo Pessoal)

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A passagem dos três tornados pelo Centro-Sul do Paraná entre a noite da última sexta (7) e a madrugada de sábado (8) deixou um prejuízo de pelo menos R$ 150 milhões ao agro da região. Os fenômenos provocaram ventos de até 330 km/h e mataram seis pessoas, entre elas uma adolescente de 14 anos e um idoso de 83.

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“Andei em diversas propriedades rurais, avaliando os prejuízos de cada uma. Em muitas a gente ainda não conseguiu chegar, porque tem estradas interrompidas ou não conseguimos comunicação, porque a internet não está funcionando, não tem luz”, diz Eliseu Fernando Telli, presidente do Sindicado Rural de Laranjeiras do Sul, que representa os produtores de Rio Bonito do Iguaçu, município mais afetado pelo desastre natural.

“Até agora, o que a gente pode apurar foi um prejuízo de R$ 90 milhões a R$ 100 milhões. Se a gente colocar as atividades desses agricultores que estão sendo interrompidas por vários meses, por falta de máquinas, barracões e silos caídos, pode facilmente chegar nos R$ 150 milhões”, explica. “Acredito que seria um valor aproximado condizente com a realidade.”

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Os prejuízos do tornado ao agro da região estão relacionados principalmente a danos estruturais nas propriedades, segundo Telli, uma vez que perdas nas lavouras em si foram pontuais. “Em termos de culturas, foi pouco o prejuízo, um pouco de erosão, sementes levadas embora”, conta.

Entre as principais culturas produzidas na área rural de Rio Bonito do Iguaçu estão soja, milho, feijão, fumo e trigo, de acordo com o último Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2017.

Segundo o levantamento, a cidade tem cerca de 2,9 mil estabelecimentos agropecuários, que ocupam uma área de aproximadamente 45 mil hectares.

O valor anual da produção de soja no município chega a R$ 32,1 milhões, enquanto da de milho, a R$ 14,4 milhões. Já o feijão corresponde a R$ 6 milhões, e o fumo, a R$ 1,9 milhão. A cidade ainda conta com um rebanho 50,4 mil cabeças de gado, das quais 12,4 mil de vacas ordenhadas.

Na área urbana, segundo o governo estadual, 90% de Rio Bonito do Iguaçu foi atingido pelo tornado. Na cidade, que tem 13,9 mil habitantes, cerca de 4,5 mil casas foram destruídas ou parcialmente impactadas.

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Desde o sábado, o Sindicato Rural de Laranjeiras do Sul está arrecadando doações para ajudar produtores, famílias e comunidades de Rio Bonito do Iguaçu (chave Pix 78.515.483/0001-54). A entidade destinará o valor arrecadado às famílias impactadas, por meio de parceria com as organizações de trabalhadores rurais da região.

Produtores da Guarapuava ainda calculam prejuízos do tornado ao agro

Na sequência do fenômeno ocorrido em Rio Bonito, o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) identificou os outros dois tornados no estado, nas cidades de Turvo e Guarapuava.

“Depois que o tornado passou lá [Rio Bonito do Iguaçu], veio em direção a Candói e Guarapuava, mas, diferente de lá, não pegou a área urbana, pegou as áreas rurais”, diz Rodolpho Luiz Werneck Botelho, presidente do Sindicato Rural de Guarapuava.

“O tornado não tem uma largura expressiva, é mais concentrado. Mas fez um estrago extremamente grande onde pegou”, conta. “Pegou propriedade rural, matas, silo, fazenda, granja de suíno. Onde pegou, arrasou.”

No assentamento Nova Geração, em Guarapuava, a igreja e o salão comunitário foram totalmente destruídos.

Segundo Botelho, culturas de inverno, como trigo, cevada e aveia, prontas para a colheita, além de lavouras de milho, ainda em período de plantio, foram afetadas, mas os prejuízos ainda estão sendo calculados. “Não temos estimativa ainda”, diz.

“O grande problema foi em Rio Bonito do Iguaçu. Lá pegou a cidade”, ressalta. O Sindicato Rural de Guarapuava e prefeitura da cidade estão ajudando Rio Bonito do Iguaçu, mandando mantimentos como roupas, alimentos, cobertores e colchões, além de maquinário para a reconstrução da cidade e doações em dinheiro.

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De acordo com a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), não houve outros registros de perdas significativas em áreas agrícolas do estado em razão dos tornados.

Faep pede ampliação de crédito para amortizar dívidas de produtores causadas por eventos climáticos

Ainda na sexta-feira, o Sistema Faep, juntamente com outras entidades do agro paranaense, encaminhou ofício ao governo federal solicitando a ampliação do crédito para amortização de dívidas dos produtores por eventos climáticos.

O documento pede a liberação dos valores de subvenção ao prêmio do seguro rural contratados e que precisam ser repassados às seguradoras, para que os valores não sejam cobrados do produtor rural.

Participaram da elaboração do ofício a Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares do Estado do Paraná (Fetaep), o Sistema Ocepar, a Secretaria de Agricultura e do Abastecimento do Estado do Paraná (Seab) e União de Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária do Estado do Paraná (Unicafes Paraná).

Além dos tornados, no começo de novembro temporais deixaram um rastro de estragos no agro paranaense. De acordo com levantamento do governo estadual, ao menos 38 municípios registraram chuva forte e/ou granizo, que provocaram danos em lavouras, aviários e estruturas de armazenagem.

Cooperativas também arrecadam doações para atingidos pelos tornados

Além do Sindicato Rural de Laranjeiras do Sul, cooperativas de crédito e do agro também arrecadam doações para vítimas dos tornados. A cooperativa agroindustrial Coasul, de São João, recebe contribuições pela chave Pix ajudariobonito@coasul.com.br. Cada real doado será dobrado pela instituição, que também está disponibilizando sua frota para o transporte de materiais e doações.

Com apoio do Sicoob, a Paróquia Sant’Ana, de Laranjeiras do Sul, arrecada doações pelo Pix doesantanariobonito@gmail.com, destinadas à compra de alimentos, água, cobertores e itens de higiene.

A Sicredi Grandes Lagos também se mobilizou e conta com ajuda pela chave Pix (42) 99104-7107.

A Unimed Guarapuava é ponto de coleta de materiais para curativos e itens de higiene da cooperativa médica. As doações podem ser entregues nas unidades da das ruas Getúlio Vargas, Brigadeiro Rocha e Capitão Rocha.

Já a cooperativa C.Vale está recebendo donativos como alimentos, roupas, cobertores, água potável e produtos de limpeza em suas unidades e redes de supermercados no Paraná.

Por meio de nota, a Coprossel manifestou sua profunda solidariedade a toda a comunidade de Rio Bonito do Iguaçu, onde a cooperativa tem unidade, e reafirmou o compromisso com os valores cooperativistas, abrindo suas portas para também receber donativos.

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