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Dias após a famosa operação policial no Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho que resultou na morte de 4 policiais e 117 bandidos, conforme informações do governo fluminense, a vereadora Karen Santos (Psol) subiu à tribuna da Câmara de Vereadores de Porto Alegre para oferecer ao país uma tese tão exótica quanto perigosa:
“O álcool é legalizado, o cigarro é legalizado, o açúcar, o café e os medicamentos tarja preta também. Quer acabar com as drogas? Regulamenta. Porque é interessante para o capitalismo explorar essa cadeia produtiva – das pessoas que plantam, das que embalam, das que transportam, até chegar no varejo, na biqueira. São trabalhadores, megaexplorados, sem direitos garantidos, e o setor é bilionário, sem taxação de impostos.”
O discurso parece saído de um panfleto de centro acadêmico cubano dos anos 1970 – e, infelizmente, foi dito por uma parlamentar em pleno exercício do mandato.
A fala da vereadora não é apenas absurda. É perigosa.
Chamar traficante de “trabalhador explorado” não é compaixão, mas a normalização de uma conduta criminosa e altamente prejudicial à sociedade. É classificar o crime como uma categoria social e, quando o crime se torna uma categoria social, o Estado de Direito desaba. A sociedade passa a confundir transgressão com direito e barbárie com empatia. O resultado é um mundo invertido ao estilo de Stranger Things, onde o criminoso é vítima e a lei é o agressor.
A justiça não nasce da permissividade, mas da coragem de dizer não ao que destrói o ser humano
Dizer que o tráfico é uma “cadeia produtiva” é tratar o veneno como alimento, o crime como trabalho e o mal como modelo econômico. Isso não é progressismo; muito pelo contrário, é regressão civilizatória. O tráfico não é um setor da economia: é um câncer moral e social, que destrói famílias, mata jovens, corrompe as instituições e dissolve a alma moral da cidade.
Como ensinavam Tomás de Aquino e Agostinho de Hipona, legalizar o mal não o transforma em bem, apenas o institucionaliza. A justiça não nasce da permissividade, mas da coragem de dizer não ao que destrói o ser humano. Combater o crime é defender o bem comum, e justificar o mal em nome da ideologia é se tornar cúmplice da desordem e do caos social. A verdade é que, quando a lei perde o sentido moral, a civilização perde o rumo.
A lista de razões para rejeitar esse delírio da parlamentar Karen Santos é bem longa, mas traremos dez delas:
1. Atenta contra o Estado de Direito
Quando relativizamos o crime e o mal que ele causa, enfraquecemos o princípio substantivo da legalidade. O Estado de Direito existe para garantir que ninguém – nem político, nem criminoso – esteja acima da lei. Chamar o traficante de “trabalhador” é dissolver a fronteira entre o lícito e o ilícito, o legal e o ilegal.
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2. Viola o bem comum
O tráfico de drogas é a negação máxima do bem comum em uma sociedade. O traficante e toda a sua “cadeia produtiva” lucram com a destruição da pessoa humana e com o caos social. Defendê-los é promover a injustiça como política pública.
3. Destrói a comunidade
A vida comunitária se sustenta na confiança, na gratidão e no senso de justiça. Esse tipo de discurso substitui virtudes por vitimização, e transforma o criminoso em herói. Nossas crianças perdem o referencial do bem e, com o tempo, a comunidade se desintegra.
4. Rompe com a ideia de democracia
A democracia depende de cidadãos livres e responsáveis, não de cúmplices do crime. Legitimar o tráfico é inverter o papel do poder político: de protetor da sociedade para cúmplice da desordem. A democracia deixa de ser instrumento da cidadania para ser instrumentalizada pelo crime.
5. Desmoraliza a justiça e o trabalho honesto
Equiparar traficantes a trabalhadores é insultar quem vive do próprio esforço. O trabalho edifica; o tráfico destrói.
Legitimar o tráfico é inverter o papel do poder político: de protetor da sociedade para cúmplice da desordem
6. Destrói o conceito de ordem
A ordem é o alicerce da paz social e do progresso. Como diz o nosso pavilhão nacional, a bandeira do Brasil, não há progresso sem ordem. Legalizar o crime é transformar a lei em piada e o Estado em cúmplice do caos. É romper com a ordem e impedir o progresso.
7. Fere a dignidade humana e a saúde social
O tráfico mata o corpo e a alma. As drogas corrompem os costumes que dão sentido à vida e, por fim, escravizam seus usuários, que deixam de ter livre arbítrio. Não há vida saudável onde a destruição é celebrada como cultura e categoria social.
8. Corrói a responsabilidade moral
Se com a legalização do mal a ideia é remover a culpa de quem usa e, principalmente, de quem vende e distribui, elimina-se também a possibilidade de arrependimento e de mudança de vida. Sem responsabilidade, não há liberdade – só anarquia disfarçada de empatia.
9. O “aviãozinho” do tráfico não se liberta com legalização, mas com educação
O jovem usado pelo crime não precisa de um CNPJ, mas de escola, oportunidade e propósito. É o conhecimento que liberta, não a transformação artificial do mal em bem.
Regular o mal não o domestica; apenas lhe confere forma jurídica. A verdadeira política pública não é transformar o vício em mercado, mas impedir que o vício se torne cultura
10. A falácia da “regulamentação resolve”
Comparar drogas ilícitas com álcool e cigarro é intelectualmente desonesto.
O álcool e o tabaco, embora nocivos, não destroem a consciência nem a alma humana como o entorpecente. São vícios tolerados, não modelos de virtude. A droga, ao contrário, aniquila a autonomia da vontade e cria dependência quase total.
Um Estado que regulamenta o tráfico não regula o mal – ele o institucionaliza.
Regular o mal não o domestica; apenas lhe confere forma jurídica. A verdadeira política pública não é transformar o vício em mercado, mas impedir que o vício se torne cultura.
Enquanto o álcool e o cigarro desafiam a saúde, o tráfico desafia a própria ideia de humanidade, porque faz da destruição do outro um modo de vida. Quando o poder público passa a flertar com esse abismo moral, o que cai primeiro não é a lei; é a alma da nação.
Nós não legalizamos o mal. Não romantizamos o crime. Nós o combatemos. Dizemos não às drogas. E você?
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

