Quem é Macário Ramos Júdice Neto, desembargador do TRF-2 preso pela PF
Magistrado, que já ficou afastado por quase duas décadas sob suspeita de venda de sentenças, foi detido na 2ª fase da Operação Unha e Carne por suposto vazamento de informações sigilosas
O desembargador federal Macário Ramos Júdice Neto, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), foi preso na manhã desta terça-feira (16) pela Polícia Federal (PF). O magistrado foi alvo de um mandado de prisão preventiva expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em sua residência na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. A ação integra a segunda fase da Operação Unha e Carne, que investiga o vazamento de informações da Operação Zargun — deflagrada em setembro contra o crime organizado e a corrupção na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
Segundo as investigações, Macário é suspeito de repassar dados sigilosos que teriam beneficiado o então deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias. O próprio Macário foi o relator responsável por expedir o mandado de prisão contra TH Joias meses antes, em setembro. Além do desembargador, a operação desta terça-feira também cumpriu mandados de busca e apreensão contra outros alvos, incluindo novas diligências ligadas ao presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar.
Quem é Macário Ramos Júdice Neto?
Natural de Cachoeiro de Itapemirim (ES) e nascido em 1966, Macário Ramos Júdice Neto construiu sua carreira jurídica no Espírito Santo. Graduado em Direito pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), ingressou na magistratura federal em 1993, atuando inicialmente como juiz substituto e, posteriormente, como titular da 3ª Vara Federal de Vitória.
Sua trajetória, no entanto, é marcada por um longo histórico de controvérsias e afastamentos judiciais.
Afastamentos e retorno
Antes de assumir a cadeira de desembargador no TRF-2, Macário passou cerca de 17 anos afastado de suas funções. Em 2005, ele foi removido do cargo sob suspeita de envolvimento em um esquema de venda de sentenças e favorecimento à máfia dos caça-níqueis no Espírito Santo.
O caso se arrastou por anos. Na esfera administrativa, ele chegou a ser condenado pelo TRF-2 à aposentadoria compulsória em 2015 — a pena máxima administrativa para magistrados. Contudo, em 2017, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) anulou a punição por questões processuais (falta de quórum no julgamento original), abrindo caminho para o seu retorno.
Na esfera criminal, Macário foi absolvido das acusações de corrupção, peculato e formação de quadrilha, o que lhe permitiu ser reintegrado ao tribunal.
Ascensão ao TRF-2
Após a reintegração, Macário Júdice Neto voltou à ativa e, em junho de 2023, foi promovido ao cargo de desembargador federal do TRF-2 pelo critério de antiguidade. Sua posse foi marcada por discursos de renovação, mas pouco mais de dois anos depois, ele volta a ser alvo de uma operação policial, desta vez sob suspeita de obstruir a justiça ao vazar informações de processos que ele mesmo relatava.

