Empresa de Florianópolis especializada em mobiliário ergonômico lançou aplicativo para melhorar a experiência dos clientes na próxima Black Friday.
Empresa de Florianópolis especializada em mobiliário ergonômico lançou aplicativo para melhorar a experiência dos clientes na próxima Black Friday. (Foto: Douglas Rosa/Elements Brasil Divulgação)

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O varejo se prepara para o que pode ser a maior Black Friday da história no país. A previsão da Associação Brasileira de Inteligência Artificial e E-commerce (Abiacom) é que as vendas ultrapassem R$ 13 bilhões, com crescimento de 14,7% em relação ao mesmo evento do ano passado. A expectativa é positiva, mas há uma mudança em curso no comportamento do consumidor.

Análises de tendências da NielsenIQ e da WGSN apontam que a austeridade vem tornando as pessoas mais seletivas, substituindo o consumo excessivo por escolhas que tragam valores como confiança, durabilidade, transparência e propósito. “Existe uma clara mudança no estilo de vida em todas as idades, e o consumo do bem-estar é uma consequência disso”, afirmou o autor do livro "O novo jeito de vender (mais e melhor)", Fred Rocha, profissional com mais de 30 anos de experiência no varejo e consumo.

Segundo ele, há uma “espiral positiva” de novos hábitos, impulsionada por transformações em outros setores, como o avanço dos medicamentos para emagrecimento. “Esse fenômeno começa a impactar a previsibilidade nos mercados de alimentos e bebidas, por exemplo, com a redução do consumo de álcool e ultraprocessados, ampliando as escolhas por produtos saudáveis”, avaliou.

Se há 15 anos o evento se restringia a um único dia e concentrava ofertas em eletroeletrônicos, hoje a Black Friday se tornou uma maratona de consumo multicanal que ocupa todo o mês de novembro e mobiliza diversos setores. Mais do que investir em estratégias de pagamento e atendimento, as empresas vão enfrentar mudanças culturais e sociais que transformaram o modo de consumo.

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Um terço dos brasileiros vão investir em autocuidado

O consumidor, mais exigente, está buscando experiência, conveniência e propósito em relação a como e o que vai comprar. E valoriza o preço como diferencial. Um estudo da Opinion Box aponta que dois em cada três clientes gastaram entre R$ 101 e R$ 1 mil na Black Friday de 2024, mantendo o padrão do ano anterior. A pesquisa também indica que 67% compraram produtos de que realmente precisavam, enquanto apenas 14% cederam ao impulso.

A busca pela qualidade de vida será outra motivação para as compras de novembro, como demonstrou o levantamento da Serasa Experian, de julho. Um terço dos entrevistados afirmaram estar mais atentos à saúde e 35% planejavam aumentar o consumo de produtos ligados ao autocuidado.

Atenta a esse movimento, a Elements Brasil, empresa de Florianópolis especializada em mobiliário ergonômico para escritórios, home offices e gamers, está investindo em logística e tecnologia para bater a meta de faturamento de R$ 140 milhões até o fim deste ano. "Mais do que vendedores, nos vemos como parceiros nessa nova jornada das pessoas em projetar uma vida mais saudável e equilibrada", disse o diretor-executivo da empresa, Rafael Dutra.

Para esta Black Friday, uma das apostas da marca será um aplicativo próprio de compras para melhorar a experiência de quem busca opções para seu local de trabalho, estudo ou lazer. “As mudanças culturais do pós-pandemia mostram que os cuidados com a saúde não são mais um luxo, e sim uma necessidade incorporada à rotina”, comentou Dutra.

De acordo com o Global Wellness Institute (GWI), o mercado mundial de bem-estar deve atingir US$ 9 trilhões até 2028. O Brasil participa desse movimento com entusiasmo: entre 2020 e 2022, o país movimentou cerca de US$ 96 bilhões.

Brasil lidera ranking de estresse

O consumo voltado ao bem-estar na vida pessoal e no trabalho é reflexo de um cotidiano cada vez mais desafiador. A Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que o Brasil lidera o ranking global de estresse, com 74% da população enfrentando episódios que comprometem a qualidade de vida. Além disso, 45% dos brasileiros relatam sintomas de ansiedade, sobretudo mulheres e jovens.

O impacto é também físico. Em 2024, segundo dados do Ministério da Previdência Social, 3,5 milhões de trabalhadores receberam benefício por incapacidade temporária, um aumento de 39% em relação ao ano anterior. Dores na coluna e hérnia de disco lideram as causas.

“Espaços que não só são bonitos e funcionais, mas que realmente curam, melhoram a saúde e o bem-estar das pessoas são cada vez mais procurados”, observou a arquiteta Bia Rafaelli, pioneira no Brasil em design biofílico, metodologia que integra elementos naturais em ambientes construídos com foco na saúde integral.

A profissional destaca que a chamada arquitetura wellness é uma tendência em ascensão, tanto em espaços de trabalho quanto em residências. “As pessoas buscam soluções de design com propósito, que promovam concentração, relaxamento e qualidade de vida, com mobiliário ergonômico, materiais naturais e formas orgânicas. O objetivo é oferecer benefícios de saúde acima da estética. Quem souber projetar para a era do bem-estar terá um oceano de oportunidades”, disse Rafaelli.

Criada nos Estados Unidos nos anos 1960 para alavancar as vendas de final de ano, a Black Friday tem, a cada ano, engajado mais os brasileiros. Inicialmente realizada na última sexta-feira de novembro, o evento tem se espalhado durante quase todo o mês, com diversas promoções e oportunidades para compras.

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